terça-feira, 29 de abril de 2014

Pó na Fita - The Secret of Kells

Imagina um filme animado que se vê através de um caleidoscópio. Consegues?

“The Secret of Kells” desenha a história de Brandon, um rapaz monge que vive em Kells, uma abadia com uma muralha em fase de construção e uma torre no meio.  O pequeno monge vai então desafiar as normas, descobrir o mundo e encontrar a sua vocação. Uma verdadeira dedicatória à curiosidade infantil e à sua potencialidade. Esta fabulosa história cruza pedaços de fantástico com a vida real, pincela as coisas belas e rabisca  as coisas más. Entramos nos mistérios da natureza e descobrimos a beleza, bem como a maldade, que sai das mãos dos homens.

A animação é fenomenal, com uma mistura de estilos que vai desde “Samurai Jack” (aquele do Cartoon Network), ao Calvin e Hobbes e à Art Nouveau de Alfons Mucha. Uma chamada de atenção para a fantástica banda sonora, que preenche as cores de cor. O estúdio Cartoon Saloon é o responsável por este verdadeiro acontecimento do cinema de animação.

Uma fita sobre as coisas puras, sobre o significado de um tesouro. Um filme belíssimo, uma obra de arte!



Rafael Nascimento

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 de Abril

O Opina deseja a todos os seus leitores e colaboradores um feliz dia da Liberdade!

Viva o 25 de Abril!


Fica a sugestão:



Opina

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O Gestor Brilhante

Titulo – O Gestor Brilhante
Título original – Brilliant Manager - What the Best Managers Know, Do and Say
Autor – Nic Peeling
Editora – Editorial Presença
Data de edição – Janeiro de 2007
Data da publicação original – 2005

Nic Peeling iniciou a sua carreira como investigador na área da matemática, física e electrónica, área em que se destacou ao serviço do Royal Signals and Radar Establishment (RSRE) do Ministério da Defesa do Reino Unido. Em 1989 começou a exercer funções de gestão na mesma organização e entre 1998 e 2001 abandonou a gestão para se dedicar à consultadoria de gestão, de marketing e técnica, regressando após esse período ao exercício de funções de gestão na QineticQ, empresa que actua no ramo da defesa e das tecnologias, onde ficou até 2008. 



O Gestor Brilhante de Nic Peeling é um bom livro que combina os princípios basilares da gestão, com a opinião e experiência do seu autor, tudo isto pontuado com uma estrutura linguística extremamente acessível mesmo para o leitor leigo nas temáticas abordadas. Este livro não é, de todo, uma bíblia da gestão ou do marketing, sendo antes um bom livro introdutório, fácil de ler, em que são explicados conceitos e abordagens práticas em áreas que o autor considera fundamentais para uma boa gestão como a coordenação e organização de pessoas/equipas, organização de comunicação, liderança, cultura empresarial, lidar com diferentes classes profissionais, organização de trabalho e delegação de tarefas, posicionamento dos produtos e marketing, estratégias de comercialização e planeamento, avaliação de riscos e ameaças, negociações, questões legais e financeiras, entre outros. 

Com uma linguagem simples, exemplos práticos e uma abordagem franca e directa, sem ser exaustiva, o autor proporciona uma leitura interessante quer para o jovem gestor, quer para o curioso, quer para o gestor mais experiente que considere importante manter actualizados e resumidos determinados conceitos e práticas. 

Não re-inventa a roda não deixando de ser um bom livro.

Classificação





Nuno Soares

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Mercado de Culturas à luz das velas – Lagoa

Foi nos dias 17, 18 e 19 do presente mês que se realizou em Lagoa o 1º Mercado de Culturas à luz das velas, um evento cultural promovido pela Câmara Municipal de Lagoa, que ocupou as ruas adjacentes ao convento de S.José e o próprio convento, e que teve como objectivo trazer a esta cidade algarvia um momento único de grande diversidade cultural.



Os símbolos culturais e religiosos feitos de velas, que se tornaram a efígie do evento, encontravam-se, quer posicionados nas entradas, quer espalhados nos meandros do mercado, constituindo um curioso adorno durante o dia e um belo espectáculo luminoso à noite. E havia-os para muitos e diferentes gostos: vários crescentes, a estrela de David, a cruz de Cristo no seu formato usado pela igreja católica ou pela igreja ortodoxa, o triskelion celta ou o peixe dos primeiros cristãos eram apenas alguns dos motivos que enriqueciam o cenário do 1º Mercado de Culturas de Lagoa.



Mas este evento oferecia muito mais aos seus visitantes. Artesãos e pequenos comerciantes das mais variadas proveniências vendiam produtos tão díspares como armamento medieval e ferramentas agrícolas, plantas medicinais e guloseimas artesanais, frutos secos, trajes árabes ou instrumentos musicais, e enchiam de vida e cor as ruas da cidade.


Artistas circulavam tocando e dançando pelo mercado, atraindo as pessoas para um dos 3 palcos onde continuariam o espectáculo. Workshops de música e dança intercalados com as actuações musicais animavam as hostes enquanto, dentro e dora do convento, se podia saciar o estômago com várias opções gastronómicas, desde doçaria árabe e comida turca até pizzas ou crepes na pedra, acompanhadas pela ginjinha de Óbidos ou uma refrescante sangria de frutos vermelhos.


Uma óptima iniciativa e uma apreciação muito positiva deste 1º Mercado de Culturas à luz das velas.

Parabéns aos promotores, artistas, visitantes e demais participantes!


Classificação:

Nuno Soares

terça-feira, 15 de abril de 2014

The Hunger Games - Os Jogos da Fome

Titulo – Os Jogos da Fome
Título original – The Hunger Games
Autor – Suzanne Collins
Editora – Editorial Presença
Data de edição – Janeiro 2014
Data da publicação original – 2008

“Os Jogos da Fome” é a primeira parte de uma trilogia de ficção científica com o mesmo nome escrita pela escritora norte-americana Suzanne Collins.

O enredo desenrola-se num cenário pós apocalíptico em Panem, uma nação sediada no que em tempos foi a América do Norte, nação essa, constituída pela abastada e poderosa metrópole Capitol e 12 distritos subservientes e semi-escravizados.

É precisamente num desses distritos, o distrito 12, que a narrativa começa pela perspectiva de Catniss Everdeen uma jovem de 16 anos que todos os dias enfrenta o perigo de uma severa condenação que lhe pode tirar a vida por caçar fora dos limites do distrito, interditos, para sustentar a mãe e a irmã mais nova Primrose Everdeen de 12 anos.


A autora utiliza os olhos e experiência pessoal de Catniss para retratar a miséria em que o distrito 12 (não diferente da maioria dos restantes distritos) vive, a insegurança, a precariedade e sobretudo, o medo. Esse medo é instigado sobretudo mas não só, pelos Jogos de Fome, uma festividade anual em que todos os distritos tem que enviar, após sorteio, um rapaz e uma rapariga, tributos, com menos de 18 anos para Capitol para combaterem numa gigantesca arena natural, até à morte, com os seus adversários dos restantes distritos, tudo sob uma extensiva cobertura televisiva de assistência obrigatória para os habitantes dos distritos e de observação prazerosa, qual reality-show, para os habitantes de Capitol. Só um tributo pode vencer.

A seleção inesperada de Primrose como tributo feminino do distrito 12 força Katniss a voluntariar-se para salvar a irmã e a partir daí a história conta a saga que quer a jovem quer o seu companheiro tributo do distrito 12, Peeta Mellark, têm durante as várias fazes dos jogos da fome até emergirem como os primeiros duplos vencedores.

Uma história interessante que junta acção, ficção científica, romance e a caracterização de um mundo alternativo não tão diferente do nosso na sua essência.

Classificação:





Nuno Soares

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Pó na Fita - Moon

Como te sentirias se fosses um mineiro solitário na Lua?

A rotina de uma mineiro de helium-3 na superfície lunar em 2035 é bastante solitária. Ao longo dos três anos de duração do contrato, tem de vigiar as escavadoras e enviar carregamentos do mineral para a Terra. Esporadicamente consegue receber mensagens gravadas pela sua mulher e filha. Salvo alguma comunicações com a empresa, mais nenhum contacto tem com seres humanos.

A sua única companhia é um robô, o GERTY, que revela os seus “sentimentos” através de um número limitado de smiles, que dispõe num pequeno ecrã que faz as vezes de rosto.
Um acidente no exterior da base vem revelar a verdade sobre a “solidão” de Bell, pondo em causa a sua identidade e propósito de vida.

Sam Rockwell carrega todo este filme, não fosse este sobre a solidão, numa performance alucinante e vívida. A voz de Kevin Spacey no robô GERTY é o tom asséptico, mas ao mesmo tempo caloroso que acompanha a vertigem do personagem. Este filme de realística ficção científica de Duncan Jones, sem grandes pretensões, consegue grandes resultados. Um verdadeiro tributo a “2001 Odisseia no Espaço” e “Alien”.

“Moon” é uma metáfora sobre o trabalho nos tempos modernos e um alerta para o futuro, que não está assim tão distante.


Rafael Nascimento

terça-feira, 1 de abril de 2014

Jovens Autores - Miguel Brito de Oliveira

Miguel Brito de Oliveira nasceu em Moura em 1988 e depois de um percurso bastante diversificado que passou pela rádio e pelo teatro, eis que se estreia, em 2011, aos 22 anos, Mulheres Coragem, a primeira obra de sua autoria. 

Desde então Miguel não mais parou de escrever e o jovem autor tem-se envolvido em diversos projectos literários, em prosa e em poesia, entre os quais contam-se a participação com um conto na colectânea Contos nos is (2011), das Edições Macalfa, poemas nos compêndios Inversus (2011) e Poética I (2012) da Edições Macalfa e da Editorial Minerva respectivamente. 

Mais recentemente Miguel Brito de Oliveira assinalou a sua presença na obra Stories do Alentejo (2013) da Lugar da Palavra Editora, editora que também publicou Mulheres Coragem, obra que envolve 12 autores alentejanos e que caracteriza em vários contos a região que lhe dá nome.

Miguel aceitou amavelmente o convite do Opina para partilhar connosco um pouco da sua história, percurso e perspectivas futuras enquanto jovem escritor português.

Fig 1: Miguel Brito de Oliveira e a sua obra de estreia Mulheres Coragem

Opina: Miguel bem-vindo! Obrigado por teres aceite o convite do Opina e por te juntares a nós nesta entrevista.

Começando por falar um pouco de ti e do teu percurso, deixa-me perguntar-te: com 25 anos repletos de aventuras e experiências integradas num caminho ímpar, participação em teatro, rádio, música, fizeste a recruta no exército, tens um livro já publicado, outros dois em co-autoria, participação numa mão cheia de projectos literários tanto em prosa como em poesia. Queres partilhar connosco quem é afinal Miguel Brito de Oliveira?

Miguel: Não é fácil para mim definir-me a mim enquanto pessoa. Parece que quando nos tentamos definir a nós próprios fica sempre a faltar qualquer coisa e ao mesmo tempo temos tendência para acrescentar mais do que somos na descrição. Ainda assim arrisco dizer que me acho um puto, um rapaz pequeno com uma vontade de viver, conhecer e saber mais que não cabe em mim. Vejo-me como uma pessoa que quer mais, mais desafios, mais conhecimento, mais experiência de vida. Falando do meu percurso, o gosto pela rádio, televisão, teatro, musica e qualquer outra forma de arte ou comunicação surgiram desde muito novo quando dei os primeiros passos no teatro, área que acabou por marcar uns bons anos da minha vida entre peças de teatro, animações e formações na área artística. Aos 15 anos, acabei por criar problemas com os meus pais, pois havia decidido ir viver sozinho para outra cidade, à procura de cumprir o objetivo de então. Felizmente ganhei, e acabei por cursar comunicação social numa escola profissional que me possibilitou posteriormente viver essas experiências fascinantes em rádio e televisão. Depois desta experiência que muito me fez crescer, veio uma fase menos boa em que fiquei parado, algo que não é meu. Surgiu então a ideia de alistar-me nas fileiras do Exército Português e acabei por juntar o desejo que sempre tive de conquistar a minha boina com a necessidade de ocupação. Hoje, afirmo com todas as letras que essa experiência, com toda a sua intensidade e exaustão foi a melhor escola que eu poderia ter na vida. A literatura é outro campeonato. É qualquer coisa que me faz viver, abstrair, minimizar e sobressair num único momento e numa única ação. O lançamento do Mulheres Coragem marcou a minha estreia num mundo novo, que há muito vinha a preparar e, desde então, não tenho parado e agarro todas as oportunidades de fazer mais com o único objetivo de crescer e ser melhor. 

Opina: E Miguel, achas que essa tua dinâmica de ser, essa vontade de querer ser mais, de querer ter mais mundo foi cultivada em ti pelas experiências que foste vivendo? Reconheces alguma experiência, destas que falámos ou outras, específica na tua vida, que tenha feito um click e que tenha vincado essa tua personalidade de querer sair mais de ti e absorver mais do que o mundo tem para te oferecer?

Miguel: Repara, há muitos momentos na minha vida que me marcaram e que foram um molde essencial nos meus valores, modelos e carácter, no entanto, eu acho que não é única e exclusivamente uma questão de experiência de vida mas que é algo da tua própria natureza. Quando as pessoas têm a vontade de crescer por dentro vão ter mais tendência a valorizar o ser do que o ter. E isso acho que é algo que nasce contigo, que tem que estar em ti.

Opina: E com tantos interesses e solicitações do mundo da escrita como concilias tudo isso com uma vida académica ativa, afinal estás no 3º ano da Licenciatura em Turismo da Universidade do Algarve, fazes parte do Concelho Fiscal e do Senado Académico da mesma universidade, do Conselho Pedagógico da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo, com os exames, família, namoro e tudo mais?

Miguel: Acho que acima de tudo é uma questão de gestão de tempo. Sinceramente não consigo ver como uma perspectiva realista para mim o que algumas pessoas fazem de pôr em primeiro lugar os seus projectos e depois a família e as relações amorosas. Nós conseguimos ir longe sozinhos, mas acompanhados sabe melhor. E claro que, quando queremos atingir determinados objectivos precisamos de combustível, de força de vontade, de motivação e que se estiveres sozinho no mundo é muito difícil chegares onde queres, porque não tens apoio de ninguém. Há momentos de fraqueza que qualquer ser humano tem e tu sabes que tens esse apoio nos teus amigos, na tua namorada, na tua família. E tendo esse apoio é egoísmo dizer que primeiro está a tua vida profissional e só depois a tua vida pessoal. A minha vida pessoal, o que sou, com a ajuda de todos os que me apoiam e uma boa gestão de tempo são essenciais para conseguir conciliar todas as minhas actividades. Sou apologista de quem algum dia disse: Se tiveres de escolher entre o mundo e o amor, escolhe o amor e com ele conquista o mundo.

"Acima de tudo Mulheres Coragem é fruto de uma vontade enorme de escrever."

Opina: Falando um pouco da tua obra de estreia Mulheres Coragem queria perguntar-te, quanto tempo demoraste a escrevê-la, quais as principais dificuldades e porquê a guerra colonial como tema? Sendo um tema recorrente não só na literatura portuguesa como no cinema, no teatro, sendo um tema cultural forte em Portugal não é muito comum nos autores mais jovens, porquê esta escolha?

Miguel: Este tema é um tema que devia ser muito mais falado por todos, é um tema que faz parte de nós portugueses, é uma fase da história que influenciou e muito o rumo de Portugal hoje em dia. Eu sempre gostei imenso de história e a nossa história somos nós, as pessoas, e esse interesse levou-me a escrever um romance numa página importante da história de Portugal. O facto de ter estado no exército também ajudou um pouco a que esta fosse, das várias épocas históricas que me interessam particularmente, a escolhida para este primeiro romance, senti que era a escolha correcta. Respondendo à tua outra pergunta eu comecei a escrever o Mulheres Coragem, sem te conseguir precisar exatamente o momento, mais ou menos aos dezasseis anos e terminei com vinte e um, acabando por publicar aos vinte e dois. Houve obviamente várias interrupções, não foram cinco anos contínuos de escrita, e ainda acabei por cortar uma boa parte da obra e reescrever outras tantas páginas porque no fim do processo, não me identificava já com partes que haviam sido escritas há mais tempo, o que me obrigou a fazer quase que uma reciclagem, um corta e cola e reescreve de parte da obra. Em termos de dificuldades, de desafios, os maiores foram por em palavras as ideias que eu tinha, de forma a conseguir transmitir ao leitor exatamente o que queria e fazer com que os meus dedos acompanhassem o meu pensamento. Às vezes é muito complicado. Tens pensamentos a mil à hora, estás a pensar num rumo na história muito rápido, e fazer com o que os teus dedos escrevam ao mesmo ritmo que o teu cérebro desenvolve as ideias é muito complicado.

Opina: Miguel muitos autores reconhecem a sua experiência pessoal, a sua vivência como uma importante fonte de inspiração para os conteúdos do que escrevem, tão ou mais valiosa que uma fonte bibliográfica tradicional. Sentes isso no teu caso ou vês como a principal mais-valia em termos de criação do conceito a exaustiva pesquisa bibliográfica que certamente fizeste sobre o tema antes de o escreveres?

Miguel: Eu não acho que nós nos devamos limitar à nossa experiência, aliás, nem acho que isso seja possível. Quem quer criar tem que conseguir conciliar as duas coisas, quer a experiência pessoal quer a pesquisa bibliográfica. No meu caso, em Mulheres Coragem, tive que fazer bastante pesquisa bibliográfica porque, claro está, eu não estive na guerra do ultramar. No entanto, a pessoa que sou influencia obviamente os personagens que criei, a maneira como se relacionam uns com os outros e com o mundo. Se eu fosse diferente tudo seria, certamente, de outra maneira. Acredito nesse equilíbrio e que a tua natureza, a tua maneira de ser, as tuas experiências e vivências influenciam sempre o que escreves e a maneira como escreves.

Opina: Uma coisa que não posso deixar de te perguntar pois está relacionada com a temática deste livro mas também de outros textos teus, como o poema És Mulher, em que é bem patente a admiração pelo género feminino, essa homenagem que também fazes em Mulheres Coragem e que ora está num plano mais etéreo, mais inalcançável, quase celestial, ora está num nível bem mais terreno, invocando os prazeres carnais e a relações, por vezes conturbadas, entre homem e mulher. Queres explicar-nos um pouco a importância desta dicotomia nos textos que produzes?

"Acho que é preciso realçar a verdadeira força do género feminino na nossa sociedade."

Miguel: Não escondo de forma alguma a admiração e o respeito que tenho pelas mulheres. Acho que é preciso realçar a verdadeira força do género feminino na nossa sociedade. Eu acho que hoje ainda se subestima muito a força das mulheres e que em muito sítio, muita gente ainda considera o género masculino, o forte, o que não é verdade. Tenho grande admiração por aquela força que se mostra sem levantar um braço ao invés da força física. As mulheres têm uma capacidade que os homens não têm de conseguir ser mulher, amante, esposa, mãe, irmã, filha, uma polivalência de carácter, uma capacidade de transformação imediata, de regeneração e de perseverança incrível que as ajuda a ser o que querem.

Opina: É este um livro escrito com a emoção de quem escreve uma obra pela primeira vez e quer mostrar ao mundo o que lhe vai na alma, ou pelo contrário, é uma obra premeditada e exaustivamente analisada antes, durante e depois de ser escrita, com um sentido filosófico e reflexivo, com alguma mensagem subjacente?

Miguel: Acima de tudo Mulheres Coragem é fruto de uma vontade enorme de escrever. Tendo eu gosto por literatura senti vontade de escrever, de criar algo meu, ao invés de estar a vida toda como leitor, eu quis conhecer o papel do escritor também. Mulheres Coragem foi o marco inicial de todo um objectivo que eu quero seguir ao longo da minha vida, a necessidade de eu mostrar ao mundo uma das minhas facetas e ao mesmo tempo uma grande satisfação pessoal, uma realização, a maneira de eu dizer a mim mesmo “fui capaz de fazer”. Acho que isto responde.

Opina: E que feedback tens tido de leitores e da editora?

Miguel: O feedback tem sido muito positivo. As pessoas que leram fizeram-me chegar críticas bastantes construtivas sobre a maneira de escrever, as características específicas da obra, o final, que é bastante próprio, e é sempre bom ouvir o que as pessoas nos têm para dizer sobre o que escrevemos. O feedback da editora foi, também ele, positivo e, para uma estreia, acho que quer as críticas quer as vendas foram bastante razoáveis.

Opina: Para quando a 2ª edição?

Miguel: Ainda não te sei dizer quando. Ela sairá com certeza mas, de momento, estou envolvido noutros projectos que também não me permitem dedicar tanto tempo quanto seria preciso a essa questão. No entanto, os leitores conseguem ainda adquirir o livro on-line no site da “FNAC”, da “Wook” e da “Lugar da Palavra” editora. 
Fig 2: Stories do Alentejo
Opina: E falando de outra aventura, esta mais recente, em que participas como co-autor, Stories do Alentejo, podes falar-nos um pouco sobre o que consiste este projecto e na tua participação específica neste livro?

Miguel: O projecto Stories do Alentejo é um projecto que conta com 12 autores, todos eles alentejanos, coordenados pelo Luís Miguel (Luís Miguel Ricardo), em que cada um ficou responsável por retratar culturalmente uma zona específica do Alentejo em termos de gastronomia, eventos culturais de relevo, monumentos, lugares a visitar e principalmente a gíria tão característica do Alentejo. Eu fiquei com as aldeias ribeirinhas, as aldeias em torno da barragem do Alqueva e optei, neste conto, por usar o humor o que ajudou a enriquecer e diversificar um projecto maioritariamente informativo e de promoção cultural mas aberto a vários géneros de escrita. No entanto, tenho que destacar que esta experiência foi para mim uma grande escola não só em termos de escrita, mas enquanto pessoa, uma grande partilha de experiências, uma hipótese de conhecer e contactar com escritores maduros, de obter grandes referências e que inclusive me deu para aprender coisas fascinantes sobre o Alentejo. É também muito gratificante ver que o Stories do Alentejo está a superar as expectativas dos autores, já marcamos presença em programas de televisão como A praça da Alegria e Portugal no Coração e está a ser uma maneira fantástica de levarmos ao país o que de melhor há no nosso Alentejo.

Opina: E planos para o futuro mais próximo? Os leitores podem esperar algum novo livro de tua autoria?

Miguel: Estou a trabalhar num outro projecto em co-autoria, também ele muito gratificante, em que estou a desempenhar funções diferentes do que tenho desempenhado nas publicações em que tenho participado. No entanto, não vou adiantar muita informação, posso apenas avançar que, em princípio, ainda este ano sairá novo projecto para o mercado. Outros estão a ser pensados, mas já nada para 2014.

Opina: Miguel qual a melhor maneira para que quem lê esta entrevista possa seguir o teu trabalho?


Miguel: Através do facebook. As pessoas podem seguir a minha página https://www.facebook.com/miguel.b.deoliveira e eu terei todo o gosto em responder a quaisquer dúvidas que possam ter.

por Nuno Soares