terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Orquestra Clássica do Sul em Concerto Comentado pelo Maestro José Eduardo Gomes

Foi no dia 25 de Janeiro no Grande Auditório da Universidade do Algarve que a Orquestra Clássica do Sul (OCS) apresentou para uma plateia de cerca de duas centenas de espectadores um concerto individualizado pelos comentários do Maestro José Eduardo Gomes que quis assim aproximar a orquestra do público, nas palavras do mesmo, e pela estreia de "Ónix", obra do jovem compositor português Diogo Ribeiro (25 anos).

Durante os cerca de 90 minutos de espectáculo a narração do Maestro foi contextualizando a plateia para os temas interpretados pelos fantásticos músicos que compõe a OCS e que incluíram a "Abertura Coriolano" de Beethoven obra que relata a história de um general romano que, ferido no seu orgulho pelas injustiças a que foi sujeito, se revolta contra o senado e apenas não ataca Roma pois cede às súplicas de sua mãe, Volumnia. Assim, esta obra é composta por dois temas, o primeiro, que caracteriza o belicismo e brusquidão do general e o segundo, o suplício suplicante de sua mãe, sendo uma obra emotiva e de grande contraste.


Seguiu-se a 64ª sinfonia de Joseph Haydn ou Tempora Mutantur, da citação "Tempora mutantur, et nos in illis" (Os tempos mudam e nós mudamos com eles), obra composta por quatro andamentos entusiasticamente narrados pelo Maestro José Gomes, que introduziram a obra em estreia, "Ónix" de Diogo Ribeiro, descrita pelo seu autor como simples e de fácil compreensão, algo tradicional, dotada de um carácter forte e dramático que nunca perde a tensão musical durante a sua duração.

A conclusão do espectáculo coube à "Sinfonia nº1 em Ré menor" de Prokofiev, "Sinfonia Clássica" assim baptizada pelo compositor que a escreveu no início do século XX.

Um óptimo concerto!

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Nuno Soares

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A Viagem do Beagle

Titulo – A viagem do Beagle – Viagem de um naturalista à volta do mundo
Título original – The voyage of the Beagle – A naturalist’s voyage round the world
Autor – Charles Darwin
Editora – Relógio D’Água Editores
Data de edição – Fevereiro de 2009
Data da publicação original – 1839

A viagem do Beagle (1832-1836) narrada por Charles Darwin no seu diário é uma obra apaixonante. Um fantástico livro de aventuras que nos traz o mundo percepcionado por um homem do século XIX que durante quase cinco anos trilhou as costas de Cabo Verde, Brasil, Argentina, Chile, Perú, Nova Zelândia, Austrália e realizou inúmeras incursões pelo interior do continente americano, australiano e visitou um sem número de ilhas de várias naturezas.

Rico na descrição das componentes geológicas e biológicas das terras que Darwin atravessa durante a sua viagem, este livro transmite também as percepções sociais, morais e ideológicas que realidades tão contrastantes como o Brasil esclavagista, as tribos canibais da terra do fogo ou a colónia inglesa estabelecida na Austrália despertam nas crenças e valores de Darwin, sendo de extremo interesse ver o processo evolutivo que o autor sofre ao longo da sua viagem na maneira como vê o mundo.


 Mais do que um livro de viagens, de história ou de aventura, A viagem do Beagle é uma janela para outro tempo e para a análise aos olhos de um homem de então, de problemas sociais, económicos, ambientais, morais e científicos que, em certa medida, não distam tanto quanto seria de se esperar, dos actuais problemas da mesma natureza.

Escravidão, religião, corrupção, colonização e civilização são alguns dos tópicos que Darwin homem acrescenta à imensidão de fantásticas anotações, relatos, pensamentos e explicações com que Darwin naturalista recheia o seu diário, desde as ilhas vulcânicas e a sua flora e fauna particular, como Cabo Verde e as Galápagos, as luxuriantes florestas do Brasil, as pampas argentinas, a inóspita terra do fogo, os andes chilenos, as intrigantes galápagos, os recifes de coral do pacífico, as diferenças civilizacionais e naturais entre Nova Zelândia e Austrália, entre tantas outras experiências transmitidas ao longo de cinco anos de viagem.

A notar ainda as anotações e referências com que Darwin dotou o texto e que acrescentam pormenores valiosos e deliciosos à obra e à percepção do funcionamento da comunidade científica internacional à época.

Por último interessa referir o único ponto negativo que merece referência nesta obra: a tradução. Talvez por o trabalho ter sido feito por diferentes tradutores em diferentes partes do livro (algo pouco compreensível tendo em conta que a obra original foi escrita em Inglês) o texto é por vezes minado por uma tradução algo inconsistente que perturba a experiência da leitura sendo necessário recorrer a outras referências, que nem sempre serão ao alcance do leitor casual, para que se entenda o que está a ser transmitido.

Em suma, apesar da tradução, uma fantástica obra escrita por um homem interessantíssimo que, com base nesta viagem, criou uma das teorias científicas que mais viria a abalar a maneira como percepcionamos o mundo e a nós mesmos, um grande livro de aventuras e uma incomparável viagem no tempo.

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Nuno Soares

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Rubrica Jovens Autores

É com grande entusiasmo e expectativa que o Opina anuncia que ainda no mês de Janeiro estreará uma nova rubrica cujo objectivo é aproximar leitores e autores de obras literárias num espaço de intercâmbio e partilha de experiências e perspectivas.

Esta terá o formato de entrevista sendo os ouvintes convidados a participar na sua realização através da sugestão de questões que querem ver levadas ao autor entrevistado.

A primeira escritora a participar na rubrica será Iris Palmeirim de Alfarra, autora da obra “Shinegow”, já divulgada no Opina. Iris é uma jovem autora natural de Braga, que publicou em 2011, com apenas 18 anos, a sua primeira aventura literária que, entre outras coisas, promete continuação que dê desfecho à sua mágica narrativa.
Fig 1: Iris Palmeirim de Alfarra
Assim sendo, o Opina lança aos leitores o desafio de deixar neste nosso espaço as perguntas que gostariam de colocar à autora convidada para que a entrevista possa ser o mais rica e direccionada para o interesse dos leitores possível.

Até breve,

Opina

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

The Hobbit - The Desolation of Smaug

A saga continua. Um ano depois da primeira parte da viagem de Bilbo Baggins (Martin Freeman), sob o mote "An Unexpected Journey" ter chegado ao cinema, eis que estreia a continuação da aventura da companhia de Thorin Oakenshield (Richard Armitage) da qual para além do pequeno hobbit fazem parte treze anões (Thorin, Dwalin, Balin, Kili, Fili, Dori, Nori, Ori, Óin, Glóin, Bifur, Bofur e Bombur) e o feiticeiro Gandalf (Ian McKellen). 

Fig 1: Tauriel, Gandalf, Thorin, Radagast e Legolas
Depois da atribulada (e apenas parcialmente voluntária) travessia das Misty Mountains a companhia de Thorin tem agora que atravessar os perigos de Mirkwood, sem Gandalf, que ficou retido na investigação de estranhos rumores em Dol Guldur, antes de chegar a Erebor e retomar o reino dos anões que fora saqueado e tomado pelo dragão Smaug.

Este filme, à semelhança de "The Two Towers", o segundo capítulo da trilogia "O Senhor dos Anéis" realizada, tal como "The Hobbit", pelo neo-zelandês Peter Jackson, introduz à narrativa uma tremenda dose de adrenalina e acção após um primeiro filme que, não desprovido de actividade, era mais introdutório, mais contemplativo, mais espiritual e com um toque de misticismo como ao fim e ao cabo são os inícios de todas as grandes viagens. 

Em "The Desolation of Smaug" a constante fuga dos anões e do hobbit à feroz perseguição de Azog e dos seus orcs por Mirkwood e Esgaroth e, mais tarde, o confronto com Smaug, juntam-se a novas partes da Terra Média a que a equipa de Jackson deu vida e que farão as delícias dos aficionados das obras de John Tolkien, proporcionando aos espectadores um impressionante espectáculo visual e cénico. A banda sonora continua extremamente bem trabalhada, dando grande ênfase emotiva ao filme. 

Fig 2: Uma agradável viagem de barril, a melhor maneira de conhecer a terra média de Tolkien
Um filme fantástico, uma óptica continuação do primeiro filme e uma porta aberta para uma conclusão épica desta obra de Tolkien, prequela de "O Senhor dos Anéis".

Nuno Soares

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Frozen - O Reino do Gelo

Frozen foi a aposta da Disney para o natal de 2013 e não se pode dizer que tenha sido uma má aposta como mostram os mais de 544 milhões de dólares já arrecadados em bilheteiras de um filme que ainda continua em exibição. 

Fig 1: Frozen - O Reino do Gelo
Frozen foi apresentado ao público como uma comédia de aventura, animada, claro está, através de um trailer que levantava o véu sobre as personagens, o enredo e o tipo de acção que o público poderia esperar. No entanto, Frozen é um musical (algo imperceptível no trailer), algo que sem tirar mérito ao filme pode defraudar as expectativas de quem viu o filme ser anunciado como algo bem diferente. 

Mas, sendo franco, um musical animado não é algo de mau. De todo. Frozen tem um imaginário bastante interessante que gira à volta da cidade de Arendelle e das suas duas princesas Elsa e Anna. 

Elsa nasce com a fantástica capacidade de criar e manipular gelo, habilidade que desde tenra idade é encorajada a esconder dentro de si dada a sua imprevisibilidade e perigo. Após a morte dos pais Elsa herda a responsabilidade de comandar os destinos de Arendelle mas cede à pressão das suas obrigações e ao peso que carrega, revela inadvertidamente o seu poder, fere acidentalmente a irmã e foge para as montanhas geladas que rodeiam Arendelle. 

Anna empreende então uma difícil demanda para encontrar e trazer de volta a sua irmã foragida na companhia de um vendedor de gelo e da sua rena (Kristoff e Sven). 

Fig 2: Sven
A magia é uma constante como não deixa de ser habitual nos contos da Disney e Frozen conta com Olaf, um boneco de neve que quer conhecer o verão e uma multidão de trolls mágicos para enriquecerem esta obra. 

Apesar de todos estes ingredientes que adoçam a experiência de ver Frozen, o filme peca pela superficialidade do desenvolvimento do enredo e da temática que, ainda que bem escolhida, parece, por vezes, desconexa e com lapsos. A proporção musical vs aventura/humor é também ela desfasada em relação às expectativas criadas pelo trailer, sendo que na fase inicial do filme o constante recurso a falas cantadas (que nem sempre são brilhantes) é tão frequente que afecta a capacidade de o espectador gozar a temática que a Disney montou para este filme. 

Não obstante, Frozen proporciona bons momentos e a dupla Kristoff/Sven, assim como Olaf, garantem boas gargalhadas e a aventura de Anna em salvação da sua irmã Elsa imerge os espectadores nos valores Disney, juntando a uma boa dose de amizade e ternura um omnipresente final feliz.

Um filme aprazível, longe no entanto dos mais fantásticos filmes da Walt Disney. 

Nuno Soares

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