quinta-feira, 27 de novembro de 2014

La Bohème

“La Bohème” a ópera do final do século XIX escrita pelo compositor italiano Giacomo Puccini com roteiro dos seus compatriotas Luigi Illica e Giuseppe Giacosa está em palco no London Coliseum pelas mãos da English National Opera (ENO) de 29 de Outubro até 6 de Dezembro.

Esta peça transporta os espectadores até à cidade de Paris, na década de 1830, e narra o romance desavindo entre Rodolfo, um poeta falido e Mimi, uma costureira de frágil saúde. O ambiente, altamente dinâmico e mutável durante o decorrer dos actos, oscila entre a disposição irreverente e boémia que se vive no apartamento de Rodolfo, que este partilha com Marcello, um pintor de parcas posses, Schaunard, um músico sem um tostão e Colline, um filósofo financeiramente deprimido; e o romance improvável com Mimi, inicialmente cheio de paixão e loucura mas que se torna frio e distante quando o ciúme toma conta de um atormentado Rodolfo.

O café Momus, espaço alegre, quente e cheio de vida, onde a amada de Marcello, Musetta, encanta os locais com a sua voz, entre outros atributos, contrasta profundamente com o drama do casal amigo, vivido nas ruas geladas do inverno parisiense.


 O acompanhamento musical assim como o impressionante cenário contribuem de maneira decisiva para a imersão do público nesta montanha russa de emoções, onde, ora se ri alegre e despreocupadamente, ora se angustia pela inevitável e trágica perda, sempre presente, entre os casais Rodolfo-Mimi e Marcello-Musetta, seja pela periclitante saúde de Mimi, seja pela obstinação de Musetta e consequente desespero de Marcello.

Marcello e Musetta, interpretados respectivamente por George von Bergen e Jennifer Holloway, inserem na peça uma comicidade e leviandade que complementa de maneira deliciosa o bem mais trágico, não obstante, igualmente cativante casal, Rodolfo e Mimi, a quem David Butt Philip e Angel Blue deram vida.


Há ainda a salientar a qualidade de todo o elenco, não só como actores, mas também como cantores, donos de vozes impressionantes e que tornam “La Bohème” pela ENO um espectáculo digno de nome.

Classificação:





Nuno Soares

La Bohème

It came to life in the 29th of October in the gorgeous stage of London Coliseum and will make you drop tears of joy and sorrow until December 6th, by the experienced hand of the English National Opera (ENO).

ENO made another revival of this classical play written by Italian librettists Luigi Illica and Giuseppe Giacosa and composed by their countryman Giacomo Puccini. Not taking the risk to fall on boredom ENO made some cast changes providing Angel Blue, the Californian former model and beauty queen, debut as Mimi, the main female character of this opera.

For 2h 15m ENO provides a really good spectacle that takes us back to early XIX century Paris and presents us to the tempestuous romance between Rodolfo, a broke poet and Mimi a seamstress with failing health. The emotional balance of the play lies between a cheerful and bohemian atmosphere in Rodolfo’s rented house, which he shares with the equally financial depressed painter, Marcello, the penniless musician, Schaunard, and the insolvent philosopher Colline, and his love affair, at the beginning lovely and passionate and then cold and bitter as jealousy and jaundice take over Rodolfo’s heart and mind.
  

The fabulous music and scenario plays a huge role on this dynamic that often swifts between a melancholic mood of a dying muse and the vibrant energy of Café Momus where Musetta, the sweetheart of Marcello, delights the Parisians with her voice, among other attributes. These turbulent affairs go on and off with a slow but steady rise of drama with the worsening of Mimi’s disease and the return of the winter.

George von Bergen, as Marcello and Jennifer Holloway, as Musetta play an amazing role, either alone or as a couple, often raising the spirits and most of the time making an essential, quite genius and most certainly funny complement to the main couple played by David Butt Philip, as Rodolfo and Angel Blue as Mimi. It’s relevant to say that the cast members are extremely gifted singers that remarkably sang their way into an admirable performance.


A minor room for improvement in the show can be considered Angel Blue’s inherent and effulgent vitality that refuses to disappear or even diminish from her voice even as her character health is fading, although this would hardly be enough to upset the overall experience.

An amazing play, an awesome representation and a spectacle that brightens both the cast and the English National Opera.

Excellent evening program!

Rating:





Nuno Soares

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A Comenda Secreta

Titulo – A Comenda Secreta
Autores – Maria João Pardal e Ezequiel Marinho
Editora - Sic ideia y creación editorial, s.l.
Data de edição – 2007
Data da publicação original – 2005

“A Comenda Secreta” é um romance histórico cuja narrativa se desenrola nos primeiros anos de vida do Reino de Portugal. Vive-se uma época atribulada e Afonso Henriques tem a braços Mouros, Castelhanos e até cruzados pouco escrupulosos que, tendo sido aliados na captura de Lisboa, pouco fizeram para a preservação da paz e ordem dos territórios conquistados, sendo responsáveis por pilhagens, saques e vandalismo de todo o tipo.

É neste contexto conflituoso que são introduzidos os personagens deste livro, Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo em Portugal e alguns dos seus companheiros mais relevantes para a narrativa como o mestre Abraão Zarco e o seu sobrinho Abel, judeus dedicados ao mister de trabalhar a pedra, Raimundo Moniz, cavaleiro à ordem do rei e o seu filho Renato, assim como uma mão cheia de mais ou menos ilustres cavaleiros templários, entre os quais D. Fuas Roupinho. Há ainda Catarina Viegas, filha foragida de um antigo templário morto a defender um dos segredos da ordem, que dá um toque de feminilidade à narrativa e será crucial no seu desenrolar.


Estes e outros personagens vêem-se envolvidos num enredo que envolve espiões do reino de Castela e a tentativa de roubar documentos importantes para o reino. Viajamos por Lisboa, Sintra e Tomar, onde é construída a sede territorial e espiritual dos templários em Portugal.

Mistérios das fés (Cristã, Judaica e Islâmica), segredos de estado, espionagem, romance e aventura esperam o leitor nestas páginas preenchidas pela parelha de autores, com uma escrita simples, acessível e fácil de ler. As descrições não são soberbas, assim como não o são os diálogos, mas a “Comenda Secreta” revela um trabalho de investigação sólido sobre a época e os personagens e proporciona uma experiência de leitura que não é desagradável, estando, no entanto, longe de ser uma obra-prima do género.

Classificação:






Nuno Soares


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nas asas da Poesia - Não me considero Poeta

Não me considero poeta
Mas poeta é o que sou
Não sei qual a minha meta
Nem sei para onde vou.

Escrevo sobre aquilo que sinto
Escrevo sobre aquilo que sou
O que escrevo eu não minto
Seja mau ou seja bom.

Amo, sofro, rio e choro
Não sou mais do que normal
Tudo na vida recordo
Como algo especial.

Grandes, pequenos momentos
Todos têm seu valor
Pois em nossos pensamentos
Todos são da mesma cor.

Marco Gago


Mensagem do Opina: "Nas asas da Poesia" é a nova rubrica dedicada ao verso rimado que nos será trazida pelo Marco Gago. Atrevam-se a voar no Opina!

domingo, 16 de novembro de 2014

5000 visualizações!



Na última 5ª feira, dia 13 de Novembro, atingimos a marca das 5000 visitas! Agradecemos a todos os que nos seguem, aos que nos lêem, aos que connosco partilham as suas opinações e, claro, aos autores e artistas sem o trabalho dos quais este espaço não teria razão de ser.

A todos um muito obrigado!


Boas opinações!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Pó na Fita - The French Connection (1971)

Os Incorruptíveis Contra a Droga, na língua de Camões, é um filme chave para entender os modernos filmes policiais.

Em tudo, é o típico filme de polícias, a dupla de serviço (polícia mau vs polícia bom), um chefe rezingão, colegas chatos, bandidos estúpidos, malfeitores à medida, perseguições e tiroteios. A trama do filme desenvolve-se em torno de Jimmy Doyle “Popeye” e Buddy Russo, dois elementos da polícia de Nova Iorque, da brigada de narcotráficos. Estes duros perseguem uma pista de uma grande negociata no sub-mundo da droga, que envolve um finório marselhês, um barão da droga nova-iorquino e um casal merceeiro…
Um filme cru, que nos coloca neste microcosmos violento e que se nos afigura como real.

The French Connection é despido de artifícios, recorrendo ao puro trabalho das câmaras, com um ritmo oscilante entre vigilâncias insones e perseguições a alta velocidade por baixo de uma linha de metro apinhada de tráfego. William Friedkin (realizador de “O Exorcista”) monta uma boa história com representações memoráveis do durão irascível Gene Hackman e do seu contrapeso Roy Sheider (o do “Tubarão”). Um filme com 5 Óscares (melhor realizador, melhor ator principal, entre outros) não é de certeza de menosprezar.

Um clássico estabelecido por mérito próprio, sabe envelhecer como um bom porto vintage.


Rafael Nascimento