sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Nas Asas da Poesia - Júlia

Queres o quê para sobremesa?
Queres kiwi, ou uma banana?
Queres o sabor da framboesa?
Portas-te bem esta semana?

Queres correr e saltar?
Passamos pelo parquinho
A tenda vamos montar
Vamos dormir no ninho

Nadar pelas estrelas
Entre sonhos d´algodões
Borboletas queres vê-las?
Dançar com mergulhões?

Vamos olhar de alto
Das cavalitas do papá?
Vamos dar um salto
Para um-dó-li-tá?

Cantar as janeiras
Dar a mão à mamã
Dá-te umas soneiras
Debaixo da lã




Paulo D. de Sousa

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Nas Asas da Poesia - Aproveita cada dia

Aproveita cada dia
Pois não sabes o que virá
Num minuto tens a vida
Noutro perdida ela está.

Se a alguém amas, diz
Não temas a rejeição
Pois serás sempre infeliz
Sem amor no coração.

Vive bem cada momento
Sente bem a emoção
Vive enquanto tens tempo
Vive com satisfação.

Com os amigos e a família
Está o tempo que puderes
Pois não sabes se outro dia
Tu terás para os veres.

Aos que amas de verdade
Diz-lhes o que são p'ra ti
Pois nova oportunidade
Podes não ter antes do fim.

Vive enquanto puderes
Vive sem hesitação
Vive e luta para seres
Mais que uma recordação.


Marco Gago

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Guerra das Estrelas: O Despertar da Força - Entre o céu e a terra

Após a gigantesca campanha de marketing promocional montada pela Disney ter colocado as espectativas sobre o filme na estratosfera, o episódio VII da série Star Wars fez a sua aparição a 14 de Dezembro. Desde então, tem-se tornado num fenómeno de gerar receitas, quer através das bilheteiras, quer através do quase infinito leque de produtos Star Wars que invadiram o mercado.

A receita da Disney de tornar uma saga de culto num produto altamente comercializável, facilmente consumível por todo o tipo de público parece ter resultado bem, com o “O Despertar da Força” a gerar 1 bilião de dólares de receita em bilheteira em apenas 12 dias e a ser já, ao fim de 2 meses de exibição, o 3º filme mais rentável de sempre.

Mas focando no filme, o “Despertar da Força” não é, a meu ver, nem esse poço infindável de virtudes que a Disney promove ou tão pouco o melhor Star Wars de sempre (nem perto), como alguma crítica mais entusiasta afirma, nem uma desgraça para a série ou um insulto à criação de George Lucas como alguns fãs mais ferrenhos defendem.



Acima de tudo, este episódio VII é um filme que entretém, que mistura acção, aventura e humor em quantidades generosas, que conta com uma boa combinação entre efeitos gráficos e banda sonora de qualidade e que, independentemente do veredicto prende o espectador do princípio ao fim. E esse parece-me, é o maior feito de J.J. Abrams nesta produção.

Outros aspectos não lhe correram tão bem.

Três décadas são o salto temporal (quer o real quer o da narrativa) que nos separa das aventuras de Luke Skywalker pelos caminhos da força, da família, do amor, da aventura, do sacrifício e da guerra numa galáxia muito, muito distante, e são estes trinta anos que nos permitem reencontrar os então jovens heróis Luke, Han Solo e Leia Organa, mais maduros a fazer uma passagem de testemunho quer a uma nova geração de heróis, no filme, quer a uma nova geração de espectadores nas salas de cinema.

Ser fiel ao espírito da trilogia original era um dos propósitos de J.J. Abrams, sobejamente anunciado pela Disney, para este filme. Criar um filme que fosse capaz de agradar de igual modo a velhos e novos fãs, a pais e a filhos que cresceram com as diferentes trilogias, que entusiasmasse quarentões e adolescentes.

Há a dizer que conto como um aspecto positivo, o facto de este filme conter quer actores da trilogia original, quer por se ter mantido, tal como a primeira trilogia e ao contrário da segunda, um filme de aventura, de exploração espacial, uma história contada em imagens em que há personagens, umas mais cruciais que outras, mas acima de tudo uma história com personagens e não uma história de um personagem, quase em jeito biográfico, como acontecera com os episódios I, II e III. Nesse aspecto, penso que houve uma relação positiva, de continuidade com o espírito, ambiência e propósito da trilogia original. A batalha travada por um esquadrão de X-Wings na superfície do planeta Takodana, contra as forças da primeira ordem, alia essa preciosa diversão e rebeldia de espírito, à incerteza de desfecho que Star Wars nos habituou, dando espaço ao valor individual dos personagens para fazer a diferença e pelo seu brilhantismo, imortalizá-los.

Por outro lado, a excessiva colagem ao enredo da trilogia original, nomeadamente ao que à Death Star e ao local e condições em que Rey (a nova protagonista) é encontrada, levou a que este filme fosse considerado um reboot do original, não sem razão, por um número considerável de críticos. Acima de tudo, parece-me que esta reprodução parcial da história do primeiro filme, é um desperdício do fantástico e gigantesco universo criado por Lucas, com tanto por explorar, quer a nível de planetas, espécies, facções e possíveis intrigas a desenvolver. Este será, sem dúvida, um dos maiores, senão o maior ponto negativo deste filme. Para quem esperava uma nova história, uma verdadeira continuação do episódio VI, o sabor é agridoce, ela existe, mas só em parte, metade talvez, com um pouco de boa fé, a outra metade é o episódio IV outra vez, mas com efeitos visuais do século XXI.



Em boa verdade, sendo este filme uma obra apreciável quer do ponto de vista de produção, quer do ponto de vista do entretenimento não deixa de passar a sensação, quando analisado a frio, que é um trabalho inacabado, incompleto, imperfeito. E não o é por ser o primeiro capítulo de uma anunciada trilogia mas sim pelo conflito entre a espectativa criada e pela realidade do filme, pela pré-existência de uma história, personagens e filmes que se quer homenagear e imortalizar e pela necessidade de criar algo novo, pela necessidade de conservar o espírito original e de inovar ao mesmo tempo, algo que em alguns momentos foi feito com sucesso, noutros nem tanto, estando esta dicotomia espelhada em todos os aspectos do filme, do enredo aos personagens, a ver:

Kylo Ren o proto vilão desta saga, um padawan que se voltou contra o seu mestre e tio, Luke e abraçou o lado negro da força, com o propósito de seguir o caminho do avô e tornar-se um Sith lord (ele há famílias complicadas), tem tanto de potencial como de inconsistente. Se por um lado J.J. Abrams nos dá a hipótese de conhecer e seguir um wanna be Sith numa fase do seu percurso nunca antes revelada, com todas as incertezas do lado negro aliadas a uma personalidade já de si instável, o que pode parecer uma oportunidade entusiasmante e enriquecedora para um fã de Star Wars, determinadas incongruências, tais como um domínio fantástico da força revelado por Kylo Ren ao parar um disparo de uma arma lazer em pleno voo, mas mostrando tremenda dificuldade para derrotar, num duelo de sabres luz, um ex-stormtrooper sem qualquer tipo de treino na arma, são de difícil compreensão.

Semelhantes cenas, algumas das quais desbloqueadoras de enredo carecem de uma relação de causalidade e consequência que levantam dúvidas legítimas e minam a credibilidade do filme, por acusar falhas, por vezes consideradas grosseiras, no desenvolvimento da narrativa. Entre elas temos o domínio, sem treino ou referência, de diversas aplicações da força por parte de Rey, ou a deserção de Finn, um stormstrooper que, só porque sim, decide achar que a reforma antecipada é uma boa oportunidade para pendurar o capacete que, de qualquer dos jeitos, tem que andar sempre a lavar depois das missões, e isso não tem jeito.

A descoberta e destruição da Starkiller Base (Death Star xxl) e a morte excessivamente previsível e teatral de Han Solo às mãos do filho, são momentos, também eles pouco brilhantes e criativos, assim como o é a First Order em si (tanto quanto se sabe um Gallatic Empire com um nome diferente mas igual em tudo o resto, 30 anos depois).

Ainda que a continuação prometa, mais não seja pelo maior envolvimento de Luke e Snoke (o líder supremo da First Order), que se adivinha para o episódio VIII, o desenvolvimento de Rey como Jedi e quiçá de Kylo Ren como Sith, o “O Despertar da Força” não deixa de ser um filme ambivalente. É um bom filme de aventura, com acção e humor que cheguem para divertir (não vou falar de drama porque a morte de Han Solo foi deveras fraquita) e em alguns momentos, devido a fantásticos efeitos visuais e sonoros, até impressionar, mas é um Star Wars muito medianozinho pois as inconsistências do enredo, assim como o facto de metade do filme ser copiado de um dos episódios anteriores pesam sobremaneira numa balança que tenta equilibrar com uma nova geração de heróis e vilões (não sem mérito), e a promessa de novos desenvolvimentos para o futuro.

Vale a pena ver, para conhecer os novos personagens ou para rever o início da saga com batalhas espaciais do caneco, mas não esperem uma obra-prima porque este filme não é.



Classificação:






Nuno Soares


P.S: Se tiverem oportunidade vejam num IMAX porque quer as cenas de perseguição no espaço em 3D quer a envolvência da banda sonora, dão verdadeiramente corpo ao conceito de cinema imersivo e valem bem o preço do bilhete.  

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Muthure's Place - Demons, Time and Second chances

Before the beginning and after the end,
Father Time did not exist.
The beginning was the end
And the end turned out to be the beginning;
Of something new.
Something unnamable.
For in a timeless vortex
Names prove irrelevant and purposeless.
The event was not in the past.
It is neither happening
Nor going to.
It is in a timeless sphere.
If you stand still you hear
The song of Silence
See godly Darkness
And feel the movement of Love and Tranquility.
In this unending abyss
Angels and demons coexist
Day and night seem to merge
Water and wind with no disparate difference
Good and evil essentially one.

Inevitably there was a fall.
An error.
One blunder in this near faultless realm.
The gates are closed
All accesses sealed
The fine line between in and out
Is suddenly magnified
And the difference is preposterously large.

The blinders fall to the ground
The bare truth like lead
A burden too heavy to bear.
Improvise-
Alter the truth.
Retreat-
Run away from the truth.
Ignore-
Disregard the truth.
Bury it until it fades into oblivion.
Teach the generations to come that there’s no truth
That it doesn’t exist.
Or make them fear it.



When dark sets in
And shadows are cast
Laughter becomes hollow
And conversation takes a life of its own.
Whispers carry clearly in the motionless air
And blackness reveals things otherwise veiled;
That under layers of intelligent foolishness
Falsified truths
Wicked morality
And tarnished purity,
Are our Thoughts searching,
Desperately, furiously, for a foothold
And the almost solid darkness provides none.

Demons need not look for ambiguity
In order to fool the (self-declared) intellectual.
They need only a solitary soul
One exploring the realm of “self-discovery”
And experimenting with independence.

The past and future point to the present
And because Time is concurrent,
All time is irredeemable.

The world is now in perpetual motion,
The song not to be heard.
Darkness conducive for only evil, thieves and witches.
Quietness confused for Peace,
Love phased out by Perversion.
Father Time -a ruthless dictator- controls everything.
The Present [the only compromise between Past and Future]
Remains forever unsatisfactory,
Time itself a worthless pit of nothingness.

The beginning was the end
And the end is just that
Preventing attempts at reparation for that one blunder,
Intolerant of second chances.
In a timeless vacuum lies the tapestry
Of the beautiful, imperfect patchwork
That forms the quilt that envelops us all.
We see nothing.
We feel nothing.
We cannot hear the playful whispers
Of the greatest story never told.



Joy Muthure

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Pó na Fita - O Rei das Berlengas ou a Independência das Ditas (1978)

Uma épica jornada geracional de uma mui nobre família ... berlengueira!

O karma fatídico dos varões Midões é contado até aos dias de hoje, desde o primeiro rei berlengueiro, algures no século XII, até D. Lucas Telmo, no século XX, cruzando os marcos históricos de Portugal. A sua luta pela independência do arquipélago das Berlengas é uma verdadeira tragédia có(s)mica. Vemos geração atrás de geração a reivindicar os direitos de nascença, socorrendo-se dos mais rocambolescos subterfúgios para o conseguir. Uma verdadeira colectânea de peripécias, testemunhos de coragem louca, sonhos desvairados e humildes convicções.

Sketch a sketch, vamo-nos embrenhando nesta sátira à história nacional e aos seus famosos protagonistas. Momentos non-sense são a alma deste filme, onde vemos o Astérix a ajudar na fundação do reino de Portugal, uma bacharelada em beatice com sonhos de uma licenciatura em santidade, o cavalo de Tróia como uma arma secreta para reconquistar as Berlengas e um chimpazé general! E temos ainda Mário Viegas desdobrando-se de geração em geração (que nem um Peter Sellers luso). Um filme com alma de revista, pela mão do realizador Artur Semedo.

Não precisamos do Black Hadder, não queremos Monty Python! Deixem-nos ver “O Rei das Berlengas”.


P.S. Vou ser vosso amigo e deixar-vos com o filme! https://www.youtube.com/watch?v=w4AvYveByhg

Rafael Nascimento

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Nas Asas da Poesia - Soneto do Silêncio

Pedúnculos assobiam
Em tom terreno cresciam
Florescem quatro ruídos
Alecrins sustenidos

Raízes possuem acorde
Entoam e berram fiorde
Músicas são rústicas
Argilas acústicas

Dão Iúlas sem harmonia
Sons na serra do chinfrim
Avelã de melodia

Ritmo em terra de jasmim
Cântico da pradaria
Colcheia regando o jardim


Paulo D. de Sousa