terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Nas asas da Poesia - De manhã ao acordar

De manhã ao acordar
Abro os olhos mas não vejo
Olhe eu pra onde olhar
Não encontro o que desejo.

Onde estou e pra onde vou
Na verdade, eu não sei
E a pessoa que sou
Com o tempo eu mudei

Mudei como toda a gente
Mudei mesmo o que não queria
De forma inconsciente
Mudei enquanto vivia.

O que a vida nos traz
É aquilo que vivemos
Coisas boas, coisas más
Com todas elas crescemos.


Marco Gago

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Feliz natal!

O Opina deseja a todos os seus leitores e colaboradores uma feliz quadra natalícia e uma entrada excelente em 2015!!!


Estaremos de volta assim que desentupirmos a lareira que teve alguns problemas técnicos. 

Até já,

Opina

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O ressurgimento de Ramp na escuridão da Toca

A edição do festival: RAMPAGE Fest Tour 2014 satisfez novamente as delícias dos tímpanos metaleiros do Minho. Os já míticos Ramp, banda nacional em atividade desde 1989, percursores do melhor que o metal “tuga” tem à disposição, picaram o ponto na TOCA (Trabalho de uma Oficina Cultural e Associativa), situada nas antigas salas de cinema do Bragashopping, em Braga.


A banda vimaranense de death metal Skinning e a banda do Porto Blame Zeus, já indiciavam que o concerto principal seria recheado de riffs e solos à old-school. Ao se apresentarem ao público com uma set-list estruturada, por um lado com o intuito de criar um ambiente metal underground, e por outro lado direccionada para o público de Braga, com o tema “Anjinho da Guarda” a ser tocado, uma readaptação do original de António Variações, natural de Amares em Braga, formando laços mais pessoais entre o público e a banda. Para além disto, o já esperado clássico “Alone” também se inclui no repertório.

No concerto principal o vocalista dos Ramp, Rui Duarte, igual a si mesmo, é bastante acolhedor e receptivo a um público bracarense com uma casa semi-vazia. Ao seu lado estava o Ricardo, solista do momento com semelhanças a Kirk Hammett dos Metallica. Com a ajuda de Tó Pica, as melodias de guitarra conjugam-se com a marcha da bateria de ritmo loud com seguimentos de blast beats, interpretada por Paulo Martins que completa o compasso com o baixista José Sales. A banda assim nunca nos deixa de bater com os tempos certos de uma onda heavy metal que jamais soa anacrónica.

Envolvido por um ambiente propício ao headbanging, com direito a crowdsurfing, para além de euforia suficiente para suscitar pequenos mosh pits, provenientes de quatro dezenas de pessoas. O cheiro a metal “fundido”, fosse do shredding das cordas de guitarras e de baixo, fosse dos pratos da bateria levantavam um aroma a rancor no ar que seguia a metralhada da banda. A qualidade dos Ramp como músicos, acompanhada pelo talento técnico dos operadores de som, luz, projecção deram um equilíbrio que se tornou uma vantagem para este tipo de evento. Esta banda provou que ainda é capaz de vingar e entreter um público alternativo, contrariamente ao esperado de um projecto musical que não produz nada de novo desde 2009.

Paulo D. de Sousa

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pó na Fita - El Espinazo del Diablo

Estás farto de ver a saga “Sozinho em Casa” no Natal? Proponho um filme de mórbidos mistérios, enquadrado num orfanato em plena guerra civil espanhola.

A ação do filme gira em torno de Carlos, os órfãos companheiros, seus perceptores, um fantasma e uma bomba. Confusos? Não! Pura trama de mistérios profundos e segredos mortais. Enraizada nos nossos medos infantis - separação/perda dos pais, escuridão, fantasmas, adultos violentos - é uma verdadeira ode à coragem das crianças. Um filme sobre vencer o medo num mundo cheio de adversidade. Uma reflexão sobre os traumas de uma sociedade em convulsão.

Um desconhecido filme de 2001 do agora célebre Guillermo del Toro, com laivos de terror (mas não muito) e bastante suspense. A sua câmara encaminha-nos pelos corredores do orfanato, pelos meandros das relações humanas e sobrenaturais que se estabelecem nas suas paredes. Os atores juvenis, o cerne desta obra, entregam-se com naturalidade aos seus papéis. O elenco senior acompanha e reforça todo a tonalidade negra e oculta do filme, destacando que o verdadeiro terror é personificado pelos Homens.


O maior terror deste Natal 2014 não será o Grinch! Provem então um pouco do licor fantasmagórico do “El Espinazo del Diablo”. Acompanhem depois com “O Labirinto do Fauno”, que combina bem.


Rafael Nascimento

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Nas asas da Poesia - Passou-se o mês de Agosto

Agora estamos no Inverno
A natureza murcha e musgo
A fruta encolhida no chão
A Pega-rabuda, o pássaro

A voar livremente até pousar
Numa cerca que não separa
Nada entre a vida e a estrada
Metáforas ainda por alcançar

Os galhos secos com frio
A estalarem em sequência
As árvores nuas no rio
Mostram-nos a sua essência

Não morrem mas param
Não crescem mas travam
Não ficam verdejantes como d'antes
E congeladas ficam errantes

Esperando pela Primavera
A época do desabrochar
Não é como a quimera
A realidade do acordar

Correntes de frios
Que nos prendem
De fios a pavios
Não nos mentem

E ponderar algo mais
Seria acabar num lago
Onde se nada em círculos
Num lugar inabitado

A pega-rabuda e a pega-algarvia
Riem-se no canto das almas penadas
Não são coruja, vêm-se em pleno dia
Sem nos mentir neste reino de fadas

O Inverno traz o frio e o gelo

Queria ser um urso com pêlo
Paulo D. de Sousa

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Quo Vadis?

Título – Quo Vadis?
Autor – Henryk Sienkiewicz
Editora – Ediclube – Edição e Promoção do Livro, Lda.
Data de edição – 1994
Data da publicação original – 1895

“Quo Vadis?” do nobel polaco Henryk Sienkiewicz é um romance histórico que se desenvolve na segunda metade do século I d.C., reina em Roma o imperador Nero, artista, assassino, apreciador de bajulação e o homem mais poderoso do maior dos impérios, ou não fosse Roma o centro do mundo.

Apesar da tragédia inerente aos tempos conturbados que se viviam então, “Quo Vadis?” relata a paixão de Vinicius, um jovem patrício e tribuno militar, por Lígia, princesa dos Lígios (de quem, por associação ganhou o nome), refém do senado romano e filha adoptiva de Aulo Pláucio, general romano, e Pompónia Graecina, sua esposa e, tal como Lígia, cristã.

A paixão incontrolável de Vinicius leva-o a tentar raptar Lígia dos seus protectores, para o qual recorre à ajuda do seu tio Gaius Petronius, o “Árbitro da Elegância” da corte de Nero, altamente respeitado, poderoso e favorecido pelo imperador mas que vive a sua vida como um jogo mortal em que o mais pequeno deslize pode sentenciar o seu fim.


Arrebatada por forças superiores à sua, Lígia vê-se prisioneira na perigosa e por demais devassa corte de Nero, de onde consegue fugir com a ajuda de Urso, um gigante Lígio, parte do seu séquito, que a jurou proteger e que tal como ela abraçou a fé de Cristo.

Livres mas perseguidos, Lígia e Urso refugiam-se entre a comunidade cristã em Roma, já numerosa à altura mas clandestina, e perante o seu desaparecimento Vinicius desespera. A trama segue com a infindável perseguição da jovem pelo desaustinado patrício que por entre desilusões, traições e quase soluções, percorre também ele um inesperado caminho espiritual ao chocar de frente com a religião e valores da amada e que o fazem, à revelia, questionar gradualmente o seu estilo de vida, aquilo em que acredita e, por fim, a própria Roma.

Um livro bastante vivo, impressionante até para quem não tem predileção por romances, indispensável para os românticos, com uma fabulosa e por demais interessante mistura de personagens reais e fictícias no conturbado e muitíssimo bem descrito/imaginado império romano de Nero.

Uma obra surpreendente e uma excelente prenda de Natal,

Classificação:





Nuno Soares

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

669 - A Crónica do Quiabo - Tendências Nominais

As novas tendências de inverno disseram-nos esta semana que o nome Kim Jong-un não está na moda e que quem for avistado a usar tal denominação vai estar, não só ultrapassado e démodé, como vai ser convidado a fazer uma maratona de joelhos enquanto está preso ao eixo traseiro de um camião do Paris-Dakar. A não ser claro, que se trate do supremo governante da Coreia do Norte.

Pois é, Kim Jong-un, o líder do governo Norte Coreano também conhecido pela sua espantosa forma abdominal, decidiu proibir o uso do seu nome por outro que não ele próprio, algo que já o pai e o avô tinham feito antes de si, e que criou grande agitação quer no mundo da moda dos nomes, quer nos bazares de nomes em segunda mão, uma vez que todos os Kims e os Jong-uns já existentes vão ter que mudar de nome.

Fig 1: Escalo e outros nomes de plagióstomos estarão démodé nos próximos anos

A notícia chegou a algumas partes do mundo como algo chocante, mas em Portugal foi muito bem recebida até porque já contamos com alguns exemplos muito bem-sucedidos desta prática, como o saudoso Avô Cantigas. Não sei se alguém já foi ao registo civil tentar nomear o mais novo “Avô Cantigas da Conceição Desidério” mas aposto os dois cotos em como não vai ser aceite.

Há ainda a vantagem da não profanação do nome, algo muito apreciado pela família soberana Norte Coreana e que se entende, uma vez que não contribui para a imagem dum chefe de estado, alguém algures no país fazer uma chamada para um Kim Jong-un e responderem do outro lado que agora não dá porque ele está a defecar. Não é bonito. Assim fica resolvido, que ele como semi-deus que é não defeca e o seu bom nome fica para sempre longe da imundice, literalmente.

Por cá já existiam correntes de apoio a esta prática que agora se acentuam, nomeadamente no que diz respeito a determinados sectores de nomes, como os de filósofos gregos, variedades de pêssegos, afastamento de pernas em latim, peixes plagióstomos e leporídeos o que promete agitar simultaneamente a classe política e os ralis internacionais.

Fig 2 - Leporídeos preocupados pelos seus nomes ficarem de fora da colecção Primavera-Verão 2015 do registo civil

Possivelmente será mais seguro, de 2015 em diante, chamar aos seus rebentos dias da semana, números, letras e sinais de pontuação (para não haver descriminação) ou simplesmente “coiso”.

Andem pela sombra!


Egídio Desidério

P.S: Adivinhem as 7 diferenças. Dica: A política de protecção de exclusividade do nome não é uma delas.