quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pó na Fita - Brazil

Já alguma vez foram ao Brasil? Aproveitem este filme para conhecer outro Brazil (nada paraíso tropical).

A trama deste épico delirante acompanha um simples funcionário público, ao longo de uma bizarra aventura através de um mundo alternativo, governado por um estado controlador e uma elite maníaca. Sam Lowry trabalha numa espécie de ministério dos arquivos e apesar de estar bem acomodado na vida que leva, pratica uma atividade escapista muito comum: sonha! Nos seus sonhos cria o recorrente cenário do cavaleiro andante (mais até esvoaçante) que salva a donzela em perigo. E o seu pacato quotidiano muda quando a “donzela” dos seus sonhos surge na vida real, entrelaçando-se os sonhos com a realidade!
O filme oscila entre uma metáfora hilariante e uma retratação negra de um futuro alternativo.

Brazil vem pela mão do realizador dos Monty Python e pelo corpo de um deles. Apesar dos efeitos já datados, as imagens resultam, a mensagem passa!
Muitas cenas são bastante inspiradas, que pelo seu ridículo alertam-nos para o nosso próprio mundo e organização da nossa sociedade. Brazil é a fusão entre “1984” e o “The Meaning of Life”, que vale a pena visionar!

E o que será verdadeiramente importante? Os nossos sonhos ou a nossa realidade?


Rafael Nascimento

terça-feira, 15 de julho de 2014

Vir är Bäst! - We Are The Best

Duração: 102min
Director: Lukas Moodysson

Um filme simples, direto e ao mesmo tempo comovente e intenso.

Não é a primeira e com sorte não será a ultima vez que Lukas Moodysson me surpreende e permanece durante bastante tempo no pódio das minhas recomendações cinematográficas. Agora, Vir är Bast! Junta-se a Lilya 4 Ever na minha lista de filmes 9/10.

A história centra-se na vida de três raparigas de 13 anos que, por diferentes motivos, encontram na sociedade uma série de entraves à liberdade, de injustiças sociais (fazendo a ponte entre aquelas que as atingem e as de grande dimensão, lembrando-nos que uma pequena má atitude pode gerar no futuro uma má atitude de grande impacto) e de falta de preocupação com o mundo que as rodeia.


Bobo é a rapariga pouco sociável, que engole as coisas que a revoltam e que reflete sobre esses assuntos à procura de explicações e soluções. Klara é a amiga que a faz agir nessas situações, puxando para que as coisas mudem na hora; Impulsiva e rebelde vai ser acusada de líder, para o mal e para o bem. Juntas encontram em motivos do dia-a-dia a necessidade de expressão através da musica simples e direta do punk-rock. Não sabem tocar mas a vontade e necessidade de o fazer é tão intensa que o vão fazer. Aliás, no punk-rock o facto de não saber tocar é um mal menor! Nisto encontram Hedvig, a menina católica que sabe tocar e que vai tornar esta amizade numa relação de aprendizagem mutua muito interessante. De um lado, Hedvig irá aprender a descontrair a viver o momento; Klara e Bobo, para além de aprenderem a tocar, irão aprender também a aceitar as diferenças e as crenças de cada um.


No fundo o filme centra-se nestas pequenas lições de vida, salientando aquilo que de melhor o punk consegue reunir, mostrando que este não morreu e que está bem presente para que, de geração em geração, estas pequenas bandas, que nada valem para mais ninguém, sejam “The Best”. Relembrando que as coisas são grandes ou pequenas dependendo da escala que lhes queremos aplicar, porque para estas 3 raparigas a sua banda era a maior, sem sombra de dúvidas. Da mesma forma que a minha banda, formada com os mesmos elementos, foi durante muito tempo a melhor banda, porque era a melhor banda para nós… e acho que ainda é…!

Diana Laires

terça-feira, 8 de julho de 2014

Festival MED

O festival MED, festival de músicas do mundo, regressou a Loulé de 25 a 28 de Junho para a sua 11ª edição! 

Esta grande festa que ocupa a zona histórica de Loulé e que junta artesanato, exposições artísticas variadas, gastronomia e, claro está, música, trouxe mais uma vez grandes artistas de todo o mundo à cidade algarvia.

Este ano, a 11ª edição do MED contou com nada menos que 6 palcos e mais de cinco dezenas de artistas entre os quais nomes bastante conhecidos do público português como a Ala dos Namorados do louletano Nuno Guerreiro, a fadista Gisela João ou os também portugueses Primitive Reason. Para além destes nomes sonantes, outros artistas de grande qualidade encantaram o público de Loulé, caso dos malianos Debademba, um quarteto que conta com o contador de histórias Mahamed Diaby como vocalista e com Abdoulaye Traoré, um fantástico guitarrista que enche de alma a música deste conjunto que conta ainda com um baixista e baterista de óptima qualidade. Entre as grandes revelações de artistas estrangeiros conta-se ainda o cabo-verdiano Dino D'Santiago e os brasileiros Graveola & O Lixo Polifônico que tocaram dia 28 e 27 respectivamente.


Três dos seis palcos (Cerca, Castelo e Matriz) receberam estes e outros grandes nomes enquanto os outros três (Bica, Chafariz e Arco) permitiam concertos mais intimistas a bandas tão diversificadas como os farenses Mundopardo, o sul-africano Nobre Ventura ou os Classic's Quartet, um conjunto formado por músicos da Orquestra Clássica do Sul.

Para além de toda esta diversidade e qualidade musical uma intensa actividade comercial marcou o recinto do MED, fosse através da gastronomia tradicional ou exótica ou o não menos diversificado artesanato. Houve ainda espaço para várias exposições e workshops e para a 1ª edição do concurso de bandas do MED, que teve lugar no dia 25 (quarta-feira), o primeiro dia do festival e de entrada grátis. Destaco ainda que os vencedores deste concurso, os ribatejanos BIZU Coolective, um volumoso e bem disposto conjunto de metais e percussão, foram convidados a tocar no dia 26 no palco chafariz dando um fantástico concerto para as várias dezenas de espectadores presentes.

Um óptimo conceito, uma boa execução, um fantástico festival.

Nuno Soares

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Pó na Fita - The Lunchbox (2013)


 Já viste um filme de Bollywood? Também não vais ver com o The Lunchbox! Vais ver sim um belo filme indiano!

Um filme romântico gira em volta de duas personagens que se apaixonam, geralmente um homem e uma mulher. Os estereótipos acabam por aqui. A história desenrola-se em torno das mirabulantes viagens de uma típica lancheira de 5 andares, através de um sistema, inacreditavelmente, quase infalível. Pelas jornadas da lancheira e dos personagens é possível viver o caos de uma cidade indiana moderna. Podes-te “aconchegar” com os escritorários no comboio, cantar com os distribuidores de lancheiras e ficar preso no trânsito, dentro de um taxi. O mais contrastante com esta realidade babilónica e sobrepopulada é que o filme fala sobretudo sobre solidão e descaracterização do ser humano, perdido numa massa de gente indiferenciada e medíocre.

Ritesh Batra realiza a sua primeira longa metragem e logo com sucesso mundial. Os dois atores principais vestem bem os seus papéis, criando seres humanos credíveis, como tu e eu. Um dos grandes destaques do filme são a fotografia e os enquadramentos, mostrando a cidade de Mumbai como um habitante local a vê, abstendo-se de mostrar grandes planos.

“A Lancheira” mostra-nos o conflito entre as raízes e o progresso e das emoções face à indiferença que cada vez mais vigora nas sociedades modernas.


Rafael Nascimento

terça-feira, 1 de julho de 2014

The Hobbit

Titulo – The Hobbit
Autor – J.R.R. Tolkein
Editora – Allen & Unwin
Data de edição – 1937


A obra-prima de Tolkien e a primeira aparição do mundo fantástico de Arda do qual a Terra Média é o mais bem conhecido continente por ser também palco para além de “O Hobbit”, de “O Senhor dos Anéis”, a obra maior do talentoso escritor.

Originalmente concebido como um conto infantil para os seus filhos “The Hobbit” de Ronald Tolkien é a história de uma viagem, uma aventura de Bilbo Baggins, um sujeito assaz particular mais não seja por Bilbo ser um hobbit, uma pequena criatura humanoide, mais pequena que um anão, mas sem a característica barba, poderio físico, conhecimento profundo de minerais e metais e… enfim, para falar verdade a baixa estatura é possivelmente o único atributo comparável entre hobbits e anões, como tão bem nos caracteriza Tolkien nesta épica jornada.


Munido com a complexidade descritiva de um estudioso e com o encanto e simplicidade de um contador de histórias Tolkien escreve a mais deliciosa das aventuras carregadas de terras fantásticas e tão díspares como as montanhas nebulosas (Misty Mountains), a floresta tenebrosa (Mirkwood), o soalheiro Shire e desolada montanha solitária (Lonely Mountain) onde está sediado o reino perdido de Erebor, terra de anões.

Esta viagem engendrada pelo herdeiro de Erebor, Thorin Oaken-Shield, e o feiticeiro Gandalf, faz aterrar sem aviso ou preparação uma companhia de 13 anões em casa de Bilbo que se vê a braços com uma aventura maior do que o seu desejo ou capacidade, ou assim pensa no momento.

Verdade é que acaba por se juntar à companhia de Thorin e pelas terras mais longínquas e enfrentando as mais fantásticas criaturas, desde trolls, wargs (grandes lobos selvagens), goblins e claro o poderoso dragão Smaug, o terrível, que atacou e saqueou Erebor, expulsando os anões, Bilbo vive uma experiência indiscritível que o mudará para sempre assim como mudará o destino de toda a Terra Média.

Um clássico da literatura fantástica, um incrível livro de viagem e aventura ou um conto infantil para ler antes de adormecer, qualquer deles, genial da descrição à escrita, passando pelos personagens que passados quase 80 anos continuam a levar o mundo de Tolkien a miúdos e graúdos por todo o mundo.

Classificação





Nuno Soares