quinta-feira, 26 de março de 2015

Pó na Fita - The Canterbury Tales (1972)


            

Vai uma lição de moral ao velho estilo medieval? Ou se preferires, um reboliço de nudez e parvoíces!

A primeira película “com bolinha” à qual limpamos o pó, é inspirada (não tão livremente assim) no decano e fundador livro de contos inglês “The Cantebury Tales”. O homónimo filme apresenta oito contos que cruzam todos os estratos sociais da sociedade europeia medieval. Do nobre bacoco, ao parvo proto Charlot, aos endiabrados estudantes, aos monges “perversos”, a matronas libidinosas, ao diabo justiceiro, estas extravagantes histórias troçam de tudo e todos, numa extravagante dose de velhas lições de moral revestidas a libertinagem e deboche. 

O polémico realizador italiano Pier Paolo Pasolini monta estes contos, sem qualquer limite à sua imaginação. Sexo e erotismo (de fazer corar “As Cinquenta Sombras de Grey”) misturam-se com mordazes e sardónicas críticas à “bucólica” sociedade medieval, expondo crimes e hipocrisias. Todos os ambientes são propositadamente exagerados, o surrealismo suplanta a veracidade histórica, a comédia física tonta rompe com qualquer subtileza remanescente, as personagens são demarcadamente caricaturais. Todo o filme é uma grande brincadeira, embebido de um certo tom pueril, num cinema que não se leva demasiado a sério.

Para uma alucinante peregrinação ao “santuário” da Cantuária!

P.S. O autor não se responsabiliza pelos danos (psicológicos, religiosos, sexuais) causados, a ti ou a terceiros, no visionamento do último conto (ou de qualquer outro)!

P.S.S. Procura os cenários dos filmes do Harry Potter!


Rafael Nascimento

sexta-feira, 13 de março de 2015

O Jogo da Imitação - The Imitation Game

O Jogo da Imitação, filme dirigido pelo Norueguês Morten Tyldum, estreou em Portugal a 15 de Janeiro, trazendo consigo uma boa impressão da crítica internacional que lhe valeu inúmeras distinções em vários prémios cinematográficos, entre os quais 8 nomeações nos “87th Academy Awards” (onde ganhou a categoria de melhor argumento adaptado), 5 nomeações nos “72nd Golden Globe Awards” e 9 nomeações da “British Academy of Film and Television Arts”.

Fig 1: Alan Turing

Este filme, um thriller biográfico focado na vida e obra de Alan Turing (Benedict Cumberbatch), matemático Inglês cujo trabalho foi essencial na viragem da 2ª Guerra Mundial a favor dos Aliados, começa a sua narração em 1952, onde um recém-detido Alan Turing, acusado de homossexualidade (crime no Reino Unido de então), expõe o seu percurso ao julgamento do detetive que acompanha o seu caso.

Assim, Turing lidera uma analepse que nos leva por mais de uma década, até aos primórdios da Grande Guerra, em que o Reino Unido se encontra isolado na Europa contra a toda-poderosa Alemanha de Hitler, lutando para manter desimpedido o Canal da Mancha, a sua última defesa contra o invasor Alemão, enquanto tenta desesperadamente, com o auxílio dos Estados Unidos da América, resolver um grave problema de abastecimento que pode deixar o país à mingua.

À altura, uma das maiores deficiências na estratégia militar dos Aliados, consistia na sua incapacidade de descodificar as comunicações Alemãs protegidas pelo Enigma, um poderoso aparelho de codificação considerado indecifrável. Movido pelo desafio de um problema sem solução, Alan Turing abandonou a sua vida de académico em Cambridge, e rumou a Bletchley Park, onde estava sediada a equipa de criptografia das forças armadas às ordens do comandante Alastair Denniston (Charles Dance).

Fig 2: A equipa de criptografia de Turing

O grosso do filme descreve as aventuras e desventuras desta equipa de criptógrafos na sua demanda pela descodificação do Enigma, explorando a fundo o génio e o carácter ímpar de Turing que lhe valeu fricções e desacatos com colegas e superiores, viajando ocasionalmente à infância do matemático, à génese de tudo, para que se conheça o âmago do seu “eu”, e permitindo ainda explorar um romance (ainda que fictício) com Joan Clarke (Keira Knightley). A narrativa é preenchida constantemente por uma boa dose de drama e conflitualidade, que ao fim e ao cabo caracterizam a vida e personalidade de Turing, mas fá-lo com brilhantismo, ao ponto, de o filme ser capaz de manter o interesse, a fluidez e a intensidade durante os seus 114 minutos e proporcionando por isso, uma boa experiência cinematográfica, capaz de entreter.

O Jogo da Imitação abre ainda espaço à reflexão sobre o modo como a sociedade integra, ou não, indivíduos, que como Turing, possuíam um distinto brilhantismo e que, não obstante, foram julgados e condenados por serem dissonantes da maioria.

Turing faleceu em 1954, aos 41 anos, menos de 2 anos depois de ter sido condenado a castração química por actos homossexuais.

Fig 3: Um dos momentos de tensão do filme que Turing é acusado de ser um espião ao serviço da URSS

Um bom filme, a história de um indivíduo, no mínimo, intrigante e, uma excelente interpretação de Benedict Cumberbatch como Alan Turing.

Classificação:






Classificação dos leitores - Um bom filme - 

Obrigado a todos os que nos deixaram a sua classificação deste filme!

Nuno Soares


The Imitation Game

The Imitation Game is the latest biographic movie of the 20th century British mathematician, Alan Turing, who was of major importance to decode the enigma machine, responsible for the encryption of German communications during World War II.   

Pic 1: Alan Turing (Benedict Cumberbatch)

The movie starts in 1952 in a police interrogation room, where an under investigation (charged for homosexuality) Alan Turing (Benedict Cumberbatch), leads the audience through a flashback to the war years. Turing hold nothing from the detectives, and soon we are in the early Second World War, the allies losing badly, the United Kingdom facing a severe supply problem and a total incapability to crack the, otherwise easily intercepted, German radio communications.

Moved by the challenge of a unsolved and apparently, impossible to solve, problem, Turing left his academic life in Cambridge to join the cryptography team under the direction of commander Alastair Denniston (Charles Dance), in charge of decoding the enemy messages. Soon both the genius and the very particular personality of Turing take over the scene, fuelling a riot between his co-workers.

Pic 2: Turing with his machine

The next couple of years are an interesting mix of sweat, blood and tears, in their desperation to achieve a result that keeps eluding them even after the changes in the team, made by Turing, in which he recruited is wife-to-be Joan Clarke (Keira Knightley) and the development of Turing machine, a proto-computer that, in Turing’s view, was the only possibility to break enigma coding capabilities.

Drama, tension, treason, tragedy but also joy, friendship, achievement and an almost love story, fill the searching years for a solution that was eventually achieved and which changed the course of the war. During this process we sporadically go even further back in time, to Turing’s childhood, where we are introduced to a badly adapted but brilliant Alan Turing, with a strong but tragic friendship and the building up of Alan’s strong although eccentric personality.

Pic 3: With Joan Clarke (Keira Knightley)

Some took offense in the cinematographic liberties taken by the Norwegian director Morten Tyldum and accused him to distort history, but the majority of the critics were pretty receptive and the movie received high ratings in the speciality sites as IMBd (8.2/10), Rotten Tomatoes (7.7/10) and Metacritic (73/100) among other reviewers both on and offline. The gross income was also impressively high reaching recently the mark of 180 million dollars worldwide (to cover production cost around 14 million dollars) what makes The Imitation Game the most profitable independent movie in 2014. It was also nominated for several prizes including 5 Golden Globe Awards and 9 British Academy of Film and Television Arts nominations, including “Best Film” and “Best Director”.

I’ve found it a very interesting movie, both for the veridical (even if adulterated) story of an, at least, unique character and for the entertaining experience of the movie itself. Tyldum and his team were able to make a fluid and entertaining movie, with content and some deepness, with emotion and drama without excessive sadness or melancholy. Probably due to the amazing performance of Benedict Cumberbatch as Alan Turing a, not easy life in a not pretty tale, was able to preserve a colourful and dynamic atmosphere that never brings the movie to a standstill swamp of boredom, keeping the things interesting from beginning to the very end. The movie brings also space for reflection about how society treated and still treats, incomparably bright, although maladapted or different in any way, individuals like Alan Turing.

Rating:






Readers Rating - Entertaining - 


Thank you to all for rating this movie!


Nuno Soares

terça-feira, 10 de março de 2015

Nas Asas da Poesia - A Mulher

Nunca houve neste mundo
Tão maravilhoso ser
Todos sabemos, no fundo,
A importância da Mulher.

A Mulher é para nós
Amiga ou conhecida
Mãe, irmã, tia ou avó
Até amor de uma vida.

Símbolo de sensibilidade
Encarnação da beleza
A Mulher é, na verdade,
Magia da natureza.

Têm virtudes, defeitos
Como todo e qualquer ser
Todos somos mais perfeitos
Por com elas conviver.



Marco Gago

terça-feira, 3 de março de 2015

Lançamento do "Heróis à Moda no Algarve"

É com grande prazer e orgulho que anuncio que é já este Sábado (dia 7) que será lançado o livro “Heróis à Moda do Algarve” do qual sou co-autor.

Esta “obra” é um conjunto de contos que, com um toque de boa disposição, leva o leitor a conhecer um pouco mais do Algarve, das suas localidades, das suas festas, das suas gentes, mais ou menos ilustres (mas sempre muito autênticas), dos seus comes, dos seus bebes, das suas ânsias e preocupações, dos seus desejos e paixões e, acima de tudo, dos seus falares!

O Heróis promete levar os leitores em aventuras várias, espalhadas pelo Barlavento, pelo Sotavento e até além-fronteiras, onde, nos dias que correm, não é difícil encontrar Algarvios em diáspora, levando sempre, ao que parece, a sua terra no coração (e doces na mala).

“Heróis à Moda do Algarve” faz ainda um importante levantamento linguístico de regionalismos Algarvios, compilados no “Dicionário Marafado” incluído no livro, para melhor entendimento de quem, por ventura, não esteja familiarizado com alguns dos termos utilizados ou quem, por falta de secura, já não seja capaz de os recordar.



A leitura recomenda-se arejada e à sombra, à temperatura ambiente, na companhia de presunto, mel, queijo de figo, vinho, feijoada de choco, medronho, tarte de alfarroba, de amêndoa, chouriço, doce fino, ameijoas na cataplana, sopa de lingueirão, favas, melosa, bacalhau recheado, xerém, dom rodrigo, morgados, doce de chila, arroz de tamboril, licores variados e tremoços.

Os autores e editora não se responsabilizam por gargalhadas, engasgos, sufocos, torções e contorções, levitações, luxações, estrabismo, espasmos, queda de cabelo, refluxo, olhos cansados, ataques de espirros, suores frios, quentes ou mornos, papeira, varicela, micoses múltiplas, gonorreia e/ou distúrbios do sistema digestivo que a leitura deste livro possa propiciar.

Por último, resta dizer que o lançamento será às 15:30 no auditório da ESGHT (Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo) da Universidade do Algarve (Campus da Penha), contando com a presença dos 5 autores e da editora “Lugar da Palavra”, responsável pela publicação.

O livro encontrar-se-á disponível no local do lançamento e nas lojas Fnac e Bertrand.

Até lá,


Nuno Soares

domingo, 1 de março de 2015

2º Aniversário do Opina

Chegou Março e com ele o 2º aniversário do Opina!!! Tal como no ano passado em que aproveitámos a efeméride para remodelar o espaço, este ano surgimos com uma série de novidades, como novas opções de pesquisa de conteúdos, imagem renovada, e, muito em breve, novas ofertas culturais para os nossos leitores.


Ao longo deste 2 anos de funcionamento, em quase uma centena de publicações, trouxemos aos que nos seguem, análises literárias, de cinema, de eventos musicais e outros que não musicais mas de interesse cultural, crónicas de viagens, entrevistas a jovens escritores, preocupações ambientais, poesia, artigos de opinião, o melhor da arte dramática, humor e, acima de tudo, pugnámos pela criação de um espaço de divulgação e debate cultural que se quer dinâmico e diversificado.

Por tudo isso, e porque nada disto seria possível sem o apoio, encorajamento e interesse dos que nos seguem, leem e divulgam, a todos um muito obrigado! O Opina é vosso e as vossas opiniões são o leme que nos guia e o café que nos dá energia para fazer deste espaço um que valha a pena visitar.


Por último, agradecemos ainda a todos os que contribuem para que o nosso espaço cresça e se diversifique, através da produção de conteúdos, entre os quais destacamos o criador do logótipo do Opina, Jorge Simão, os escritores entrevistados no âmbito da rubrica Jovens Autores: Iris Palmeirim de Alfarra, Miguel Brito de Oliveira e Roberto Leandro e, como não podia deixar de ser, todos aqueles que mensal ou esporadicamente, gastam impressões digitais a criar conteúdos para o Opina: Diana Laires, Egídio Desidério, Fábio Andrade, Isabel Passarinho, Marco Gago, Nuno Soares, Paulo D. de Sousa e Rafael Nascimento.

Muito obrigado e feliz aniversário!


Opina