terça-feira, 28 de abril de 2015

Pó na Fita - The Navigator - Uma Odisseia Medieval (1988)

Sonhos medievais? Realidades modernas? Fé em deus? Tudo misturado!

Imagina isto: uma pobre aldeia mineira medieval que ainda resiste ao assédio da peste negra. Depois acrescenta um rapaz, espécie de oráculo, que reúne uma irmandade para salvar a aldeia da dita peste. A sua missão é procurar a maior igreja do mundo e depositar no seu campanário uma humilde cruz. Estás a imaginar? Agora acrescenta aquela teoria de cavar um buraco até ao outro lado do mundo… Esta odisseia de Griffin, Connor e Cª, mostra-nos a realidade do ponto de vista do Homem medieval, imbuído de fé e ignorância, face a um mundo hostil e bizarro.

Vincent Ward é o (desconhecido?) realizador neozelandês que ilustra este filme com uma dualidade de preto e branco vs cor, consoante a realidade que é apresentada. O tom negro é transversal, quer em cenários transfigurados pelo negrume da noite, quer no breu das entranhas da terra, quer mesmo na brancura da neve! Contudo, várias pinceladas, quase infantis, contrariam as trevas, expondo a humilde tacanhez do Homem, enriquecendo a estória.

Um estudo da mente medieval, que apresenta um sonho possível. Uma realidade que podes acreditar.



 Rafael Nascimento

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Jam session - Jazz com Sotaque no "Setenta e 1"

Hoje fazemos divulgação a um evento cultural do outro lado do Atlântico!

A residência artística “Setenta e 1”, de São Paulo, Brasil, convida os amantes de jazz a visitarem Campo Limpo, na zona Sul, para uma Jam session onde todos são convidados a participar.


Os guitarristas Adriano Matos e Pedro Arnt, os “Jazz com Sotaque” estarão por lá para encher o espaço de ritmos tradicionais brasileiros com a beleza improvisada do jazz.

É já amanhã, 28 de Abril, entre as 18:00 e as 23:35. A não perder!


Opina

P.S: Para saberem mais sobre o espaço cultural “Setenta e 1” visitem a página https://www.facebook.com/events/1060947320600798/

E para acompanharem os “Jazz com Sotaque” podem seguir o link https://www.facebook.com/jazzcomsotaque

sábado, 25 de abril de 2015

25 de Abril

O Opina deseja-vos um feliz dia da Liberdade!


Deixamos uma sugestão musical para acompanhar este dia:


Viva o 25 de Abril!

Opina

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nas Asas da Poesia - Sexta-feira treze e o dia de São Valentim

Na sexta feira treze e no dia de São Valentim
Não se viu grande coisa nem se viu manatim
Somente pássaros a chilrear no seu ninho construído firmemente
O pólen das flores a voar e nas poças de água pousar levemente

Hoje, lá fora, a gaiatada às escondidas atrás do portão
Que no meio da noite não se confunde com corujão.
Ontem, cá dentro, a saudade de uma juventude
Sentada à espera de uma mudança que mude

O Senhor Custódio continua a vender as gomas
A Dona Firmina vende espigas de milho ao Sábado e cigarros ao Domingo
O Doutor Henrique tem uma letra que não se percebe
A Esmeralda tirou o curso de farmacêutica e lá se formou

A concertina permanece nos músicos de bancada
Nos oradores teóricos da política quotidiana
Nas dificuldades que as doenças trazem a todos no geral
Nos buracos e lombas e curvas e pontes e viadutos e separadores centrais
E cruzamentos e semáforos e túneis, rotundas e passadeiras para pessoas banais

Não sou o Pessoa, não sou o Negreiros, a Espanca, Torga ou Camões
Não sou o Morrison, o Buarque, o Jobim, o Barros nem faço sermões
Sou o Paulo, nascido em Braga, 28 anos e como todos sujeito a constipações
Não sou de bancada nem de bar nem tenho que vir para aqui dar sugestões

Não sou nada e sou tudo ao mesmo tempo
Sou o universo sem limites
Sou o zzzzzzzzzzzz
O sono e o acordar
O sonho sem pestanejar
A almofada e o almofariz
Sou o que sou sem raiz

Simples linear
Com nada para contar
Tal como o anis
Pode ser feliz



Paulo D. de Sousa

terça-feira, 21 de abril de 2015

Parceria

É com grande prazer que anunciamos a parceria entre o Opina – Espaço de Divulgação Cultural e o humorista/guionista Tito Pinto!


O Tito é uma força criativa na área do humor, trabalhando há já vários anos na produção de conteúdos humorísticos dos dois lados do atlântico, colaborando com programas como o californiano “ADA Sport” e a revista “SpiffyCats Magazine” onde é colunista. Do seu trabalho destaca-se também a autoria de várias peças de teatro, curtas-metragens e séries de humor, algumas em antena no Canal Q, da “Produções Fictícias”, e dois livros de humor “Gente de pouca letra” e “Hoje não vai dar”.



Já este mês, Tito Pinto dará um ar da sua graça e, em breve, poderão acompanhar no Opina, o trabalho humorístico deste jovem talento.

Fiquem atentos!

 Opina 

P.S.: Para conhecerem em mais detalhe a vida e obra de Tito Pinto, visitem o seu Blog http://tito-pinto.blogspot.co.uk/ e/ou a sua página de Facebook www.facebook.com/humortitopinto.



sábado, 18 de abril de 2015

Não podemos deixar morrer o Lince Ibérico! (outra vez)

A 25 de Fevereiro de 2015, foi libertado o terceiro casal de Lince Ibérico (Lynx Pardinus) em território nacional, a primeira meia dúzia desde a extinção da espécie do nosso lado da fronteira, na década de 90. A 12 de Março, Kayakweru, a fémea desse casal, foi encontrada morta, sem causa exterior aparente. Um mês depois, veio a público a causa da morte de um dos felinos mais ameaçados do mundo: envenenamento.

Foi breve a vida em liberdade de Kayakweru. Ela nasceu em território nacional, perto de Vale Fuzeiros, uma pequena localidade montanhosa no concelho de Silves, no Algarve, em 2013, fruto do trabalho de conservação empreendido pelo Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico (CNRLI), que desde 2009, cria e prepara estes animais para a sua futura introdução em habitat natural. Lá, como nos restantes 4 centros do programa de conservação Ex-situ do Lince Ibérico (todos em Espanha), constrói-se todos os dias, uma parte crucial do futuro desta espécie, um futuro que se quer de recuperação, em oposição à extinção, que apesar dos progressos feitos nos últimos 10 anos, teima em não sair do horizonte.  


Foi breve a vida em liberdade de Kayakweru. Terminou-a um acto criminoso: a utilização de veneno como forma de extermínio, proibida por lei em Portugal1. Apesar de o mal estar feito, e de um precioso animal, raro, único e nosso (de Portugal e Espanha), ter morrido por acção humana, é preciso entender que esta morte não é, nem pode ser considerada, apesar das dificuldades inerentes a um projecto de conservação desta natureza, uma situação “normal”, “espectável” ou “aceitável”. Urge distinguir, morte acidental causada por mão humana, como infelizmente já aconteceu em Espanha, um atropelamento numa estrada não iluminada, de morte criminosa, causada pela utilização de substâncias ilegais para o efeito pretendido: matar. 

É igualmente inaceitável a inércia e condescendência das nossas instituições que, perante um problema recorrente em Portugal (a morte por envenenamento de vida selvagem), tardam em aplicar metodologias que previnam (como a educação para a temática e o maior envolvimento dos sectores económicos com mais impacto nestas problemáticas), fiscalizem, investiguem e punam os responsáveis por tais actos. 

Revolta-me a falta de gestão estratégica de recursos, o gasto de tantos milhões de euros em preservar o ambiente e as espécies autóctones, porque (espera-se) se reconhece o valor ambiental, cultural e económico de espécies como esta, para depois deixar ao acaso, e sem qualquer tipo de meio de prevenção, de monitorização ou de intervenção, que permita actuar legalmente contra os culpados quando os “azares” acontecem.


Revolta-me que um ministro do ambiente (e provavelmente o engenheiro electrotécnico com mais impacto na conservação ambiental em Portugal) que se dá ao trabalho de ir soltar uma promessa eleitor… um animal em vias de extinção, não trabalhe com o seu ministério em soluções preventivas e correctivas para este tipo de situações, não garanta que este, como tantos outros casos semelhantes no nosso país, não acaba arquivado e esquecido sem consequências para os culpados e não se pronuncie sobre o assunto, deixando aos que trabalham directamente nesta área e a todos os cidadãos que, não o fazendo, apoiam, divulgam e se indignam (e benditos sejam) com este tipo de passividade para com actos criminosos, nada mais do que a esperança de que no futuro, num dia de nevoeiro, alguém em posição para fazer essa diferença, faça o trabalho que lhe compete: zelar pela conservação do nosso património natural, pela boa gestão do dinheiro investido na sua preservação, e acima de tudo, pela não complacência para com actos criminosos.

Deixem lá o nevoeiro, queremos os nossos bichos de volta!

Nuno Soares 

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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bitcho Bravo

Titulo – Bitcho Bravo
Autor – Ricardo Rodrigues
Editora – Publicações Dom Quixote
Data de edição – 2006


“Bitcho Bravo” é o livro de estreia do jornalista Ricardo Rodrigues e conta, em jeito traçado entre a reportagem e o conto, a história verídica de Francisco Álvares, biólogo português, que durante dez anos viveu no Gerês transmontano numa demanda pelo melhor entendimento do lobo ibérico.

Ricardo conta-nos a história deste estudioso e aventureiro e o que o levou a uma região tão isolada, quase que parada no tempo, como tantas vezes faz lembrar o testemunho de Francisco ou o “Chico dos lobos” como é chamado na narrativa, o seu interesse pelo animal, o acompanhamento e o profundo grau de conhecimento que adquiriu sobre as alcateias da região e o entusiástico fascínio pela componente social do lobo, espelhada pelas aldeias e vilas da região.



Durante 187 páginas “Bitcho Bravo” leva-nos no encalço do Chico dos Lobos por montes e vales da dura paisagem transmontana onde o bitcho ainda é rei. Seguindo esses trilhos esquecidos entramos em contacto com séculos de história, mito e lenda, que tocam, ainda que de maneira superficial, na profunda e frequentemente conflituosa relação entre populações locais e o lobo.

A escrita de Ricardo é simples tornando a leitura quase tão leve como os passos dos animais que pretende retratar e o livro lê-se e vive-se com bastante intensidade talvez pelos relatos baseados numa experiência real, muito emotiva, sentida e acima de tudo vivida.

Uma boa leitura sobre um tema e num formato pouco vulgares,

Classificação:






Nuno Soares

terça-feira, 14 de abril de 2015

Nas Asas da Poesia - Sozinho no meu quarto

Sozinho no meu quarto
Penso onde quero ir
Mas, sem saber, eu aguardo
Por tudo o que há-de vir.

O que a vida já me deu
Eu só posso agradecer
Isso formou quem sou eu
E nunca irei esquecer.

Não tendo tudo o que quero
Talvez tenha o que preciso
Por isso não desespero
E vivo com um sorriso.

O que ainda virá
Hoje, por certo, eu não sei
Mas eu creio que será
Bem melhor do que sonhei.


Marco Gago

terça-feira, 7 de abril de 2015

Missão: Preservar o Algarvio

Foi no passado dia 7 de Março a cerimónia de lançamento do livro “Heróis à moda doAlgarve” no auditório da ESGHT (Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo) da Universidade do Algarve. O evento teve início com um momento musical no qual foi apresentada uma dupla composta por Bruno e Garlito em que é feita uma combinação entre as sonoridades da harmónica e da guitarra. Para além da musicalidade, a mensagem transmitida também é algo a ter em conta, uma vez que se foca num tema que, inexplicavelmente, não é muito abordado em música: o que nós, seres humanos, estamos a fazer ao nosso planeta e alerta-nos para que deveríamos ter mais cuidado com o mesmo, visto que se trata da nossa casa e não temos outro para onde ir.
Na apresentação do livro, propriamente dita, inicialmente foi dada a palavra ao representante da editora “Lugar da Palavra”, que enquadrou o livro na colecção “Heróis à moda do…” e explicou a importância da mesma na preservação do património linguístico português, bem como a cada um dos 5 autores, que não só nos apresentaram o respectivo conto como, durante a mesma, divertiram a plateia com animados momentos de stand-up comedy.


Durante as intervenções dos 6 oradores ficou bem patente que no processo de concepção e escrita deste livro, foi-lhe dado o importante papel de preservar a riqueza linguística de uma região na qual, numa deslocação de apenas uma dezena de quilómetros (às vezes até menos) podemos encontrar diferentes particularidades ao nível do vocabulário. Actualmente, com o avanço da tecnologia, estas particularidades têm-se vindo a perder não só no Algarve como em todo o país uma vez que as gerações mais jovens, com os computadores, tablets, smartphones e o acesso à internet, têm acesso a informação mais globalizada. Assim sendo, nos dias que correm, jovens da mesma faixa etária apresentam um vocabulário muito semelhante, sejam eles de que região do país forem (algo que não se verificava há poucas gerações).
No caso particular do Algarve, além deste avanço, o facto de ser uma região que recebe milhares de turistas por ano leva a que seja necessária a utilização de uma linguagem mais standardizada, para que todos a possam entender. Deste modo, os regionalismos ficam com um espaço cada vez mais reduzido, tanto que as gerações mais jovens já não os usam (ou usam pouco), nem estão familiarizadas com grande parte dos mesmos. Assim sendo, corre-se o risco de, dentro de uma ou duas décadas, se perder a riqueza linguística desta pequena região no Sul do nosso país.


Posto isto, o livro “Heróis à moda do Algarve” deve ser destacado pelo importante papel que, por certo, irá ter na preservação do património linguístico do Algarve e, consequentemente, de Portugal.

Marco Gago