quinta-feira, 14 de maio de 2015

Nas Asas da Poesia - Cantar ao desafio

Sou de poeira, de pedra, rastejo!
Sou de poeira, de pedra, rastejo!
Quando fico envolto de terra
Nem suspiro, nem rio, ou gracejo

Sou a relva, as flores e os frutos!
Sou a relva, as flores e os frutos!
Cruzamentos de perpendiculares
Não me sirvam uns cantares curtos!

Sou a proliferação dos arbustos!
Sou a proliferação dos arbustos!
Em trevo de quatro folhas ressurjo
Dou-te um cantar sem os custos

Sou sabores de amoreiras!
Sou sabores de amoreiras!
Versos para o ar sem espirrar
Em encontros de cachoeiras!

Sinto tudo até ao astro!
Sinto tudo até ao astro!
Balanças e quase que cais
Eu balanço em água de lastro

Estou aqui e pouco evidente!
Estou aqui e pouco evidente!
A água p´ra poder germinar
Canto o nascer, o morrer, a semente

Vim do caminho p´ra te cantar!
Vim do caminho p´ra te cantar!
As flores secas da primavera
Eu nem sequer te irei odiar!

Do amarelo de plantas com sede!
Do amarelo de plantas com sede!
Vou voar sem me enraizar
Em cantares pescados à rede

Beijinho, abraço e amor!
Beijinho, abraço e amor!
Em corações de ilusões
Vieste cantar c´um senhor.

Em satisfações recordadas!
Em satisfações recordadas!
Chover em solar de emoções
P´ra ti tenho coças cantadas

Passeio o passeio da estrada!
Passeio o passeio da estrada!
Venho p´ra aqui sem direções
Mas daqui tu não levas nada

Tudo na vida é poesia!
Tudo na vida é poesia!
Ainda não eras nascido
E já cantares eu fazia

Numa terra eventual!
Numa terra eventual!
Vómito lento em lodo pastoso
Em vez do teu canto banal

Em pobreza magistral!
Em pobreza magistral!
Meu canto é a beleza
O teu ao ouvido faz mal!

Em brisas de breve futuro!
Em brisas de breve futuro!
Calafrios e suores frios
Vieste a bater contra um muro!

Os sacrifícios dos pais da nação!
Os Sacrifícios dos pais da nação!
Nas músicas da minha vida
Ouves meus cantares em lição

Sem compromissos, sem esquecimentos!
Sem compromissos, sem esquecimentos!
É a vida, o mar, o ar e o luar
É um cantar, dois cantares, são quinhentos!

Com os amigos cantar!
Com os amigos cantar!
Enquanto lhes dou uns abraços
Tu ficas p´raí a chorar

Folhas de nervos enredados!
Folhas de nervos enredados!
Fantasmas de outras cidades
P´ra ti até de olhos vendados!

Cabelo curto ou comprido!
Cabelo curto ou comprido!
Barba grande ou aparada
O teu nem chegou ao ouvido!

As gretas de galho abano!
As gretas de galho abano!
Racham, partem e caem
É o fim do cair do teu pano!

Paulo D. de Sousa

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