terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Cowspiracy - The Sustainability Secret

O tema não é novo, é até bastante antigo quando se fala de ambiente e da velocidade astronómica destes acontecimentos. Eu já estava ciente da grande maioria dos aspectos referidos neste documentário mas, o mais importante, é o facto de ele existir enquanto tal e de ter a enorme capacidade de chegar a pessoas às quais a informação solta e menos fácil não chega. 

Cowspiracy não é um documentário sensacionalista, como se possa induzir através do tema e da imagem que lhe dá corpo. É um documentário simples, real e direto sobre um problema que nos toca a todos e que merece uma reflexão profunda das mais altas entidades. Problema: As altas entidades não vêm isto como um problema. Logo, temos de ser nós a entende-lo como tal e a soluciona-lo.

Há dois grandes temas nos quais Kip Andersen se foca: A super exploração da terra e a super exploração dos oceanos. Separo-os um do outro porque eles são efetivamente muito distintos quanto às soluções e caminhos que se podem seguir. O primeiro (que dá nome ao documentário) foca-se na quantidade de recursos naturais (mais precisamente água) que são necessários para produzir um hambúrguer de vaca. Água essa que é referida ao longo das nossas vidas como um bem escasso. Daí segue para a quantidade de alimento que é necessário para alimentar as vacas que vamos comer em forma de BigTasty (comida essa que poderia ser diretamente ingerida por nós e render, em termos práticos, muito mais do que uma vaca). Por fim foca-se na tópico de desflorestação, na área que tanto os animais como a sua enorme quantidade de comida a ser cultivada ocupam. Aproveito para referir que a indústria agro-pecuária é a principal causa da abismal desflorestação da Floresta Amazónia. Depois, acrescenta várias informações como o crescimento populacional e a insustentabilidade da imparável pseudo-necessidade de ingestão de carne e derivados.


Relativamente ao segundo tópico, a grande questão prende-se com a super exploração dos oceanos, menos visível e menos acessível, as atrocidades sucedem-se sem qualquer controlo. O ponto que eu achei mais interessante foi aquele em que mencionaram a quantidade de tubarões e outros seres vivos que ficam presos nas redes de pesca. Embora já fosse do meu conhecimento a quantidade de peixes mortos ou aleijados que são devolvidos ao mar pelos mais variados motivos, a frase que mais me chamou a atenção foi, quando foi dito que, se somos contra a sopa de barbatana de tubarão temos de ser contra todo o tipo de peixe pescado por este método: as mesmas redes que pescam o peixe que consumimos são aquelas que pescam os tubarões por engano.

Eu não sou vegetariana, não quero ser extremista neste aspecto pois entendo que comida não se nega. Talvez por ter nascido num país onde quase tudo é considerado comida, desde cães a baratas passando por rãs e abelhas. No entanto considero que a frequência com a qual ingerimos produtos de origem animal é desmedida e que a importância que a nossa cultura gastronómica dá à carne num prato em comparação com os ditos acompanhamentos é completamente depreciativa. Não se vê um menu de um restaurante que diga "Couves flor acompanhadas com arroz de grelos" ou "estufado de lentilhas com tomate", em comparação temos "Lombo de porco assado" sem qualquer referência ao acompanhamento. Com sorte até podemos encontrar um "Lombo de porco assado com castanhas", mas só com sorte. A regra geral é menosprezar os alimentos de origem não-animal, criando uma cultura que gera uma falsa necessidade desses alimentos. Não acredito que de um dia para o outro nos devamos tornar todos vegetarianos, nem acredito que haja essa necessidade, mas precisamos urgentemente de abrir os olhos para os nossos consumos e que benefícios trazem para nós e para o meio ambiente. Isto em prol da sustentabilidade daquilo que temos como garantido e não o é.

Enfim, boa sessão e não me tirem o queijo, isso não... por favor! 

Diana Laires

1 comentário:

  1. Muito bom post! Parabéns pela escrita, está excelente! Também vi este documentário há pouco tempo e fiquei chocado com aquilo que (re)aprendi.

    Concordo contigo, não é necessário sermos vegetarianos, basta diminuir a quantidade de carne consumida e fica tudo bem. E é verdade, que não me tirem o queijo por favor! lol

    Uma coisa muito importante a fazer é deixar de mal tratar e explorar os animais. Acho que daqui a 50 anos vamos olhar para trás e dizer "o que estávamos nós a pensar..."

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