terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A Viagem do Beagle

Titulo – A viagem do Beagle – Viagem de um naturalista à volta do mundo
Título original – The voyage of the Beagle – A naturalist’s voyage round the world
Autor – Charles Darwin
Editora – Relógio D’Água Editores
Data de edição – Fevereiro de 2009
Data da publicação original – 1839

A viagem do Beagle (1832-1836) narrada por Charles Darwin no seu diário é uma obra apaixonante. Um fantástico livro de aventuras que nos traz o mundo percepcionado por um homem do século XIX que durante quase cinco anos trilhou as costas de Cabo Verde, Brasil, Argentina, Chile, Perú, Nova Zelândia, Austrália e realizou inúmeras incursões pelo interior do continente americano, australiano e visitou um sem número de ilhas de várias naturezas.

Rico na descrição das componentes geológicas e biológicas das terras que Darwin atravessa durante a sua viagem, este livro transmite também as percepções sociais, morais e ideológicas que realidades tão contrastantes como o Brasil esclavagista, as tribos canibais da terra do fogo ou a colónia inglesa estabelecida na Austrália despertam nas crenças e valores de Darwin, sendo de extremo interesse ver o processo evolutivo que o autor sofre ao longo da sua viagem na maneira como vê o mundo.


 Mais do que um livro de viagens, de história ou de aventura, A viagem do Beagle é uma janela para outro tempo e para a análise aos olhos de um homem de então, de problemas sociais, económicos, ambientais, morais e científicos que, em certa medida, não distam tanto quanto seria de se esperar, dos actuais problemas da mesma natureza.

Escravidão, religião, corrupção, colonização e civilização são alguns dos tópicos que Darwin homem acrescenta à imensidão de fantásticas anotações, relatos, pensamentos e explicações com que Darwin naturalista recheia o seu diário, desde as ilhas vulcânicas e a sua flora e fauna particular, como Cabo Verde e as Galápagos, as luxuriantes florestas do Brasil, as pampas argentinas, a inóspita terra do fogo, os andes chilenos, as intrigantes galápagos, os recifes de coral do pacífico, as diferenças civilizacionais e naturais entre Nova Zelândia e Austrália, entre tantas outras experiências transmitidas ao longo de cinco anos de viagem.

A notar ainda as anotações e referências com que Darwin dotou o texto e que acrescentam pormenores valiosos e deliciosos à obra e à percepção do funcionamento da comunidade científica internacional à época.

Por último interessa referir o único ponto negativo que merece referência nesta obra: a tradução. Talvez por o trabalho ter sido feito por diferentes tradutores em diferentes partes do livro (algo pouco compreensível tendo em conta que a obra original foi escrita em Inglês) o texto é por vezes minado por uma tradução algo inconsistente que perturba a experiência da leitura sendo necessário recorrer a outras referências, que nem sempre serão ao alcance do leitor casual, para que se entenda o que está a ser transmitido.

Em suma, apesar da tradução, uma fantástica obra escrita por um homem interessantíssimo que, com base nesta viagem, criou uma das teorias científicas que mais viria a abalar a maneira como percepcionamos o mundo e a nós mesmos, um grande livro de aventuras e uma incomparável viagem no tempo.

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Nuno Soares

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