terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Conquistadores

Título – Conquistadores
Autor – Roger Crowley
Editora – Presença
Data de edição – 2015


“Conquistadores” é a 4ª narrativa histórica da autoria do historiador Inglês Roger Crowley que se especializou em investigar e escrever sobre os impérios marítimos do Mediterrâneo. Neste livro, Crowley quis levar o desafio mais adiante e sair do mar dos Romanos, Bizantinos e Venezianos e aventurar-se Atlântico adentro e até atravessá-lo para chegar ao Índico, acompanhando a epopeia Portuguesa dos descobrimentos.

E este é mesmo o mote deste livro: a chegada de Vasco da Gama à Índia em 1498 e o impacto que os Portugueses tiveram nas dinâmicas comerciais, sociais e políticas dos povos do Índico.

Mas a história começa antes, pois um desfecho interessante tem sempre uma boa introdução e, assim sendo, Crowley apresenta-nos o início do século XV no Índico, em 1414, num período em que os mares eram dominados por uma frota de uma dimensão nunca antes (ou depois) vista: a Chinesa. As missões diplomáticas e comerciais da China de então, o espanto que causavam e o seu desfecho são-nos servidas num pequeno prólogo que, por contraste, nos faz aperceber, ao longo da leitura desta obra, a magnitude de mudança que quase 100 anos depois, a chegada de outra frota oriunda do fim-do-mundo, provocou nas quentes águas do Índico.

Daqui damos um salto e chegamos a Portugal em 1483, durante o reinado de D. João II, o príncipe perfeito, onde acompanhamos as viagens de Diogo Cão e Bartolomeu Dias nas quais toda a costa Ocidental de África é explorada, cartografada e finalmente ultrapassada (em 1488 quando Bartolomeu Dias dobra pela primeira vez o Cabo que baptizou como das Tormentas), os contactos com os povos indígenas, o planeamento em Lisboa da aventura da Índia, as intrigas da corte e a rivalidade com os vizinhos Espanhóis.

D. João II já não presenciou a materialização do seu projecto da Índia mas o seu sucessor, D. Manuel I continuou-o e juntou-lhe um fervor de cruzada que seria determinante em muitos dos futuros acontecimentos. Em 1498, acompanhamos a viagem de Vasco da Gama, as diferenças culturais e os desafios que encontra na costa Oriental de África e o nada recto caminho para a Índia até à sua chegada a Calecute, onde pensa ter encontrado nos Hindus, Cristãos de uma qualquer variante tresmalhada da doutrina de Roma.

Assim, entre entendimentos e desentendimentos com os povos locais, começa a cruzada comercial, militar e religiosa dos Portugueses no Oriente, que depressa lhes granjeou amigos e inimigos, aliados e adversários.

Nos anos seguintes (até 1515) é relatada em grande detalhe a construção do Império Português no Oriente, de Mogadíscio a Sumatra acompanhado de perto a vivência de dois homens cruciais para esta empreitada: Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque que seriam, respectivamente, o primeiro e o segundo Vice-Rei da Índia, os homens mais poderosos deste hemisfério. Nesta fase somos levados a visitar momentos marcantes da presença Portuguesa no Índico, como batalhas navais, cercos a cidades, elaboração de pactos e alianças, espionagem, estabelecimento de novas rotas comerciais e história de resiliência impressionantes. O término dá-se precisamente com a morte de Afonso de Albuquerque, 365 páginas depois, cheias de uma narrativa rica, bem documentada e recheada de ilustrações, mapas e retratos que enriquecem a leitura.

Um muito bom livro para quem se interessa pela história de Portugal, principalmente pela época dos descobrimentos. Uma narrativa histórica mais do que um romance que tem tanto de épica como de brutal.

Classificação:





Nuno Soares 

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