sábado, 20 de agosto de 2016

Deadpool


Deadpool é mais um filme do universo Marvel que saltou dos quadradinhos para o cinema e que, desde a sua estreia em Fevereiro deste ano, foi elogiado por ser uma lufada de ar fresco na oleada máquina de fazer dinheiro em que se tornaram os filmes baseados em bandas desenhadas. Num período em que, por ano, saem 578 filmes e meio baseados nos universos da DC e da Marvel, numa fórmula que se repete vezes e vezes sem conta, alterando apenas detalhes cosméticos como a cor da armadura, o sotaque do vilão ou o dilema usar/não usar capa, qualquer coisa que saia do costumário arroz com feijão chama a atenção, mas resta saber se esse destaque se deve à qualidade fenomenal do filme ou à falta de inovação em que este género está mergulhado. Vamos tentar descobrir.

Numa coisa Deadpool destaca-se da maior parte dos protagonistas da Marvel: “Eu não sou um herói” diz ele com frequência. E é verdade, não é. Mas o hulk também era uma besta e passados alguns filmes já dá festinhas e abraços, pelo que o futuro deste “Anti-Herói” da Marvel não se avizinha risonho. Ainda não és um herói Deadpool, veremos. Aqui e agora, Deadpool não é um herói mas não é um vilão também (essa lufada de ar fresco ficou reservada para o esquadrão suicida), é um mercenário, mas dos porreiros, uma espécie de Sandor Clegane com sentido de humor e hiperatividade traçado Wolverine a usar as lantejoulas do Homem-Aranha.   

A trama começa em animação suspensa, num dos muitos momentos em que o filme se parodia a si próprio dando uns pós sobre o que se avizinha, um personagem invulgar no seu papel de “herói” (não sou tá bem? Não sou!) despreocupado, alheado, meio lunático, mas não obstante muitíssimo capaz de trazer à audiência aquilo para que vieram: porrada de meia-noite numa história de amor lamechas com um toquezinho de drama, tudo polvilhado com uma pitada de humorzinho sarcástico para a malta não enjoar.


Mas não se fique a pensar pela descrição que o filme é uma desgraça ou que o padrão do fato do Deadpool me desagradou o sentido estético, nada disso. O filme não é uma miséria… mas também não é brilhante. Eu diria que está uns furinhos acima (não muitos) do que vi recentemente dentro do mesmo género e que inclui, a título de exemplo, nomes sonantes como Captain America: Civil War e X-Men: Apocalypse, ambos muito longe de serem geniais.

Para além de poupar na pontuação, Deadpool é um filme divertido com um personagem que faz rir pela sua não convencional trapalhice, quer na acção, quer no diálogo (em que frequentemente fala com o espectador), quer pela crítica ao universo em que se insere, ao próprio filme e aos clichés comuns neste tipo de películas. É ainda um filme com sequências de acção notáveis (como de resto a Marvel já nos habituou) com um trabalho que tem de ser elogiado por parte de Philip Silvera o responsável por treinar e coreografar os combates.

Entre as coisas menos fantásticas contam-se uma inclusão miserável de X-Men de 2ª categoria, uma história alimentada pelo facto de o personagem principal ter ficado feio (já lá vão os tempos de traumas psicológicos graves, perda de memória e de lavagens cerebrais que faziam perder o sentido de identidade e deixavam marcas para a vida) num processo de mutação realizado na corporation dermoestética de Londres, na cave de uma das muitas venues da capital Inglesa, e por super células imunitárias que fazem crescer mãos (incha Wolverine!).

Posto isto, vale a pena ver Deadpool? Vale. É um filme divertido (para quem prefere sarcasmo a marisco) e tem cenas de pancadaria bestiais, tripas com fartura, e mulheres semi-nuas. É um filme do caneco, uma revolução nos filmes de heróis de bande desenhada? Tanto como o Casino Royale do 007 que, de repente, tinha um Bond loiro, com ar de Russo mas que é Inglês.



Classificação:






Nuno Soares

4 comentários:

  1. Muito boa crítica! Parabéns :D LOVE DEADPOOL

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    1. Obrigado Dina! O Deadpool é, sem dúvida, um personagem. :P

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  2. Respostas
    1. Obrigado Helena! A Arte do bitaite é, sem dúvida, uma das que paira nesta casa. Ahahah! Obrigado por nos acompanhares. Uma grande beijoca! :D

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