segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Jane Goodall no Woburn Safari Park

Foi no passado sábado, dia 27, que a famosa bióloga, antropóloga e activista dos Direitos Humanos, Jane Goodall, esteve presente no Woburn Safari Park, nos arredores de Londres, para uma palestra que reuniu cerca de duas centenas de pessoas, entre os quais, amigos, colegas, e certamente muitos admiradores.

Nesta palestra intitulada “Gombe and Beyond” a cientista falou do seu percurso pessoal e profissional, do seu prematuro interesse pelos animais, de como chegou a África e começou a trabalhar com Louis Leakey, um arqueólogo britânico que, entre outros feitos, proporcionou a Jane Goodall não só o seu primeiro emprego em solo africano, como a base da sua formação e experiência nas áreas da biologia e antropologia. Foi também a pedido de Leakey que Jane enveredaria mais tarde pelo estudo de chimpanzés (que a tornaria mundialmente famosa), pois este tinha interesse em encontrar paralelismos entre o comportamento destes símios e o da espécie humana como prova de um ancestral comum.

Jane continuou o seu relato durante cerca de uma hora, durante a qual levou a audiência por uma viagem que uniu a universidade de Oxford, onde Jane fez o seu doutoramento, sem qualquer tipo de estudo académico prévio, até às profundezas das florestas africanas, em particular a que inclui o Gombe Stream National Park, na Tanzânia, onde há 55 anos, estuda as populações locais de chimpanzés. Com uma incrível capacidade de descrição, quase como uma contadora de histórias, Jane Goodall transportou-nos até vários momentos icónicos, como a primeira observação registada de um chimpanzé a utilizar ferramentas para caçar térmitas, ponto-chave na investigação inicial de Goodall e um marco que levou a comunidade científica a ter que ponderar muitas definições e conceitos biológicos e comportamentais sobre o homem, os restantes animais e o que os distingue.

Fig 1: Jane Goodall e dois residentes do Gombe Stream National Park, Tanzânia
Esta incomparável jornada abarcou ainda a vida de Jane Goodall como activista dos Direitos Humanos que remonta, pelo menos, a 1977, aquando a fundação do Jane Goodall Institute, instituto espalhado por várias dezenas de países em todos os continentes e que promove a educação ambiental, proteção de espécies ameaçadas e gestão sustentável dos recursos naturais. Foi também tema de conversa o programa Roots&Shoots, fundado pela cientista, e que envolve cerca de 8000 grupos de crianças e jovens, dispersos pelo globo, que trabalham activamente para o desenvolvimento ambiental e social das comunidades em que estão inseridos.

Finda toda esta partilha de experiências e acontecimentos, seguiu-se uma sessão de perguntas e respostas, e uma sessão de assinaturas que muitos quiseram levar para casa a abrilhantar um dos livros da autoria de Goodall.

Como curiosidade fica a nota de que, em resposta a uma das perguntas colocadas pela audiência sobre o que pretendia Jane fazer agora que atingira os 80 anos, se pensava em assentar arraiais e aproveitar os seus últimos anos em paz e repouso ou se, pelo contrário, preferia continuar a sua rotina de investigadora, educadora e mensageira da paz das Nações Unidas enquanto a saúde lhe permitisse, Jane respondeu que, curiosamente, ao longo da sua vida tem vindo a descobrir mais e mais coisas que considera importantes fazer e que, por isso mesmo, a sua tendência será fazer cada vez mais e não menos.

Fig 2: Jane Goodall e a sua mascote Mr. H (de Hope - Esperança)
Assim sendo, esta não será certamente a última vez que se ouvirá falar de Jane Goodall que continua o seu périplo pelo mundo a investigar, a educar e a espalhar uma mensagem de paz, de mudança e de um desenvolvimento equilibrado e sustentável.

Um inesquecível evento, uma pessoa fantástica, uma personalidade ímpar.


Nuno Soares

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