segunda-feira, 14 de março de 2016

Desafio de Aniversário: Pó na Fita - Tempos Modernos/O Quarto de Jack

Isto das trocas tem os seus desafios.

Sair da zona de conforto (não sou uma cinéfila, nem nada que se pareça) e partilhar gostos. Devo dizer que gosto de filmes que me ponham a pensar, que me surpreendam e que não sejam óbvios. Gosto de muita coisa diferente, de muitos realizadores, de Bjork, a Almodovar, passando por Lars von Trier, Woody Allen e tantos outros. Cada vez aprecio mais os clássicos e os filmes, atores e realizadores que fazem o seu trabalho à margem da gigantesca indústria do ‘showbuziness’.

Escolher não foi fácil. 

Optei por um filme sem pó nenhum – ganhou Óscar 2016 para a melhor actriz, Brie Larson, no papel de mãe do garoto. E outro com muito pó, Tempos Modernos, um filme de Charlie Chaplin (1936).

Neste último, Charlot é um vagabundo que tenta sobreviver ao mundo moderno e industrializado da I Revolução. É um filme crítico do capitalismo e que passa uma forte mensagem social. Permanece actual e acho-o intemporal. Vê-lo à luz dos dias de hoje (estamos na quarta ou quinta revolução industrial?) e, com todas as diferenças que as máquinas têm em si próprias e no lugar que lhes demos nas nossas vidas, faz-nos questionar – até onde as máquinas vão tomar o lugar do homem? O que acontece aos milhões de pessoas sem ocupação, por esse planeta fora? Este filme retracta uma sociedade muito violenta, em caos e com uma desumanização crescente.


O Quarto conta uma história bonita de amor parental e resiliência, com duas excelentes interpretações. Interessa pouco a história das circunstâncias do filme a não ser pela metáfora. Aliás, o sequestro da jovem de 17 anos que fica sete anos no cativeiro, completamente isolada do mundo é marginal em relação à narrativa que dá enfoque à relação parental com o filho Jack, entretanto nascido no cativeiro.

A autora, Emma Donoghue, uma irlandesa do mundo com 47 anos, amplamente premiada vive da escrita desde os 23 anos e diz que o livro é uma metáfora das fronteiras da parentalidade. O filme emociona e lança questões sem ser melodramático. O que significa ser livre?

Ninguém é forte sozinho, sabe o pequeno Jack.



Isabel Passarinho 

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