Em Braga observo rabiscos nas paredes
sujas dos prédios. Esses rabiscos efémeros, ou duradouros que pertencem às
cidades, à nossa história, à nossa cultura, à criança que declarou o amor pela paixão
que tinha, aos amigos que brincaram com mensagens escritas nos muros da escola,
à rebelia de um protesto político, à rebeldia de uma “crew”.
Os “rabiscos” estão incluídos na
nossa liberdade de expressão, a qual é protegida pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos, de 1948.
Foto de um original do Banksy
O graffiti
surge na pré-história sob a forma de arte rupestre. Este tipo de expressão
humana tomava várias formas, inscrições, desenhos a sangue em rochas, muros e
paredes.
Graffiti (do italiano graffiti, plural de graffito)é o nome dado às
inscrições feitas nas paredes do Império Romano. É uma inscrição caligrafada ou
um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto
para esta finalidade. Este tipo de expressão pode ser usada com vários
propósitos e objectivos.
O graffiti
surge, na década de 70, nos bairros de Nova Iorque. As formas mais antigas são
os tag´s que já eram utilizados nos
anos 30, pelos gangues americanos, para limitação de território. Esta
"moda" ressurge entre os jovens provenientes dos guetos negros e os
bairros pobres dos EUA, acompanhando movimentos culturais que florescem das
ruas, os quais incluem o hip-hop e o rap, na esfera musical, e o breakdance na
dança. O fenómeno atingiu a Europa nos anos 80.
Foto de um tag famoso de Tracy 168
Foto de um original de Basquiat
Em Portugal, o graffiti
surgiu no final da década de 80 continuando a manifestar-se até hoje.
Foto de um original de Homem Mudo
Foto de um original de João com Z
O graffiti faz
parte da legislação portuguesa: http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1972&tabela=leis. No entanto estas leis não andam a
ajudar o planeamento urbano, como confirma esta notícia do diário de notícias: http://www.dn.pt/portugal/interior/lei-incapaz-de-combater-a-realizacao-ilegal-de-graffiti-4136792.html. As câmaras municipais são até hoje,
incapazes de lidarem com a linha ténue que diferencia esta arte de rua, com o
ato de pichação que é o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas
de edifícios, asfalto de ruas, ou monumentos, usando tinta em spray aerossol, dificilmente removível, stencil, ou mesmo rolo de tinta. Isto
traz consequências negativas relativamente à liberdade de expressão. Por
exemplo, o graffiti de Nomen criado
em Março de 2013 censurado pela câmara municipal de Oeiras.
Foto de um original do Nomen
Fenómeno de pichação na parede do muro da Igreja de
S.Vítor, Braga.
Actualmente o graffiti
é notícia em todo o mundo. De seguida encontram-se várias notícias: http://p3.publico.pt/cultura/exposicoes/19877/quem-e-o-autor-destas-frases; https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/blu-apagou-todos-os-murais-de-bolonha-em-protesto-contra-exposicao-de-street-art-1726456; http://jpn.up.pt/2016/03/24/arte-urbana-na-fachada-do-teatro-carlos-alberto; http://www.revistarua.pt/Noticias/Uma-voz-que-se-apaga.
Como qualquer tipo de arte, o graffiti possui vários estilos. Eis alguns exemplos:
Stencil por Mr. Brainwash
Rubikcubism por Invader
Graffiti 3D por Eduardo Relero
Um marco importante na história da
arte, para o graffiti, foi a nomeação
de Banksy para Oscar de melhor documentário com o filme “Exit Through The Gift
Shop”.
À medida que fui escrevendo esta crónica mudei
radicalmente a minha posição sobre o graffiti,
antes de a fazer tomava uma posição de rejeição relativamente aos tags, ou à
pichação. Contudo, agora que a termino, considero o tag e a pichação parte da arte do graffiti. Os “rabiscos” tornaram-se linhas e as linhas tornaram-se
numa arte com vários estilos. São o reflexo da mais pura simplicidade de uma
pessoa, ou artista. Tal como outras artes, o graffiti está repleto de emoções humanas que em forma de tinta
respiram com as paredes das nossas cidades, seja ódio, protesto, amor, ou
amizade, todas elas importantes para a nossa liberdade de expressão.
As câmaras municipais e os cidadãos, têm assim nas mãos a
responsabilidade de intervir quanto ao planeamento urbanístico da sua cidade,
só assim esta arte urbana se expressará na sua melhor forma, sem limites.
parabéns ao Paulo. Gostei. Em especial por ele ter mudado de opinião à medida que faz o artigo. É mesmo assim.
ResponderEliminarObrigado anónimo, foi muito divertida a experiência.
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