Quando
se fala no Algarve, os primeiros pensamentos que invadem as cabeças da maioria
das pessoas são de sol, verão e praia mas esta região tem muito mais para
oferecer a quem a visita.
As
vicissitudes da minha vida tornaram-na numa constante viagem entre Sotavento e
Barlavento algarvios. Esta viagem deu-me o privilégio de poder conhecer dois
“algarves” distintos e aproveitar o que de melhor cada um deles tem para
oferecer.
De
um lado Olhão, capital da Ria Formosa, uma cidade de origem piscatória, situada
no litoral algarvio. Do outro lado Monchique, uma vila no interior algarvio que
pertencendo a um dos maiores concelhos algarvio sofre de um problema de
diminuição e envelhecimento da população, tão típico das regiões interiores.
Nas
margens da Ria Formosa (uma das sete maravilhas naturais de Portugal) ergue-se
Olhão, uma cidade que, apesar de se encontrar no litoral algarvio, não é como
destino de praia que é vista pelos turistas. A sua arquitetura e a sua história
fazem de Olhão um destino mais cultural para todos os que visitam a cidade.
Entre
os locais mais emblemáticos encontram-se a Zona Histórica da cidade, onde pode
ver-se um pouco do Olhão de antigamente (antes de ser promovida a vila ou
cidade) e os Mercados Municipais que são um ex-libris da cidade e apresentam
uma arquitetura que os diferencia dos restantes mercados algarvios. Junto aos
Mercados Municipais é possível ver uma réplica do Caíque “Bom Sucesso”, a
embarcação que partiu desta mesma cidade para informar o príncipe regente D.
João (futuro D. João VI) da expulsão das tropas francesas do Algarve.
A
cidade de Olhão também é conhecida pela sua gastronomia, centrada em produtos
oriundos do mar como o peixe e o marisco. No caso específico do marisco
realiza-se na cidade, todos os anos em agosto, o Festival do Marisco no qual
este é cozinhado de diversas maneiras e para todos os gostos.
Apesar
de não ser visto como um destino de praia, também se encontram praias no
concelho de Olhão, nomeadamente na Ilha da Armona (única ilha barreira da Ria
Formosa que pertence ao concelho).
A
Ilha da Armona é, na minha modesta opinião, um paraíso na Terra, um local em
que podemos desligar-nos do mundo exterior e do stress do dia-a-dia e em que
podemos recarregar as nossas energias. Esta ilha apresenta duas faces
distintas, uma mais civilizada onde se concentram todos os cafés, restaurantes
e zonas habitacionais e outra mais natural cujas paisagens se confundem com as
das ilhas desertas e inabitadas.
Do
litoral para o interior encontramos Monchique, uma vila perdida no meio da
serra algarvia com um património natural imenso.
O
seu clima particular permite que o concelho de Monchique apresente uma
biodiversidade riquíssima tanto em termos de fauna como de flora.
As
suas paisagens verdejantes e os ribeiros de água cristalina fazem de Monchique
um destino obrigatório para os amantes da natureza. Estes podem explorar a
serra tanto de carro como em passeios pedestres, podendo optar pela
contemplação da paisagem ou por fazer uma paragem para um belo piquenique num
dos infinitos locais propícios que irão, certamente, encontrar.
Para
aqueles menos aventureiros e com menos interesse em explorar a serra, há sempre
a possibilidade de ter uma visão global da mesma num dos muitos miradouros
existentes no concelho, sendo que um deles se encontra no ponto mais alto do
Algarve, a Fóia, a 902 metros de altitude. Nestes miradouros irão ter a
privilégio de desfrutar de algumas das mais bonitas vistas do Algarve.
Na
vila propriamente dita pode-se passear pelas estreitas ruas, bem como conhecer
a Igreja Matriz e o Convento de Nossa Senhora do Desterro, aproveitando para
observar a arquitetura da mesma.
É
impossível falar de Monchique sem falar das Caldas de Monchique na qual se
situam as Termas, que existem desde o tempo da ocupação romana, nas quais água
termal é utilizada para fins medicinais e estéticos.
Tal
como Olhão, Monchique também é uma localidade conhecida pela sua gastronomia
sendo que neste caso os enchidos são os principais produtos da mesma, tendo
eles uma feira própria (Feira dos Enchidos) que se realiza todos os anos no
primeiro fim-de-semana de Março.
Concluindo,
apesar de serem dois mundos completamente diferentes e distarem cerca de 100
quilómetros, tanto Olhão como Monchique são locais com algo de mágico a
oferecer a quem os visita. Algumas pessoas irão preferir a visita a Olhão
outras irão gostar mais de Monchique mas acredito que ninguém se arrependerá de
visitar qualquer destas localidades.
Marco Gago
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