Título – Contrabando
Autora – Conceição Gonçalves
Editora – Obnósis Editora
Data de edição – 2013
“Contrabando” é o livro de
estreia de Conceição Gonçalves, publicado sobre a alçada da Obnósis Editora.
Este “Contrabando”, que não é
tráfico, é um livro de histórias, quase em jeito de biografia, sem o ser. É
antes, um conjunto de partilhas feitas pela autora, na 1ª pessoa, de momentos
marcantes da sua vida, uns reais, outros sonhados, mas todos com uma emotividade,
ligeireza e com algumas notas de humor, que cunham a escrita desta
obra.
Entre estas partilhas, travamos
conhecimento com a infância de Conceição Gonçalves, em Trás-os-Montes, como
orgulhosamente nos relata, o seu ambiente familiar e os seus modelos, algumas
das suas viagens à América Central e do Sul, uma experiência, no mínimo
intensa, em Angola, corria o ano de graça de 1974, meses após a revolução de
Abril, conhecemos o seu outro “eu”, que viveu há 2500 anos nas imediações de
Marraquexe, entre tantas outras histórias, que deixo como surpresa para quem
ler o livro.
De escrita simples, quase falada,
Conceição abre-nos o seu mundo e o que lhe vai na alma, deixando fluir
memórias, emoções e imaginação, como uma torrente tumultuosa, fresca e vivida,
muito patente na recriação dos cenários, dos personagens e das suas interações,
que poderão cativar o leitor pela sua verosimilhança a situações que, terá
vivido, testemunhado ou, quiçá, até sonhado, sejam elas um cenário idílico na
Guatemala, no Brasil ou em Marrocos, seja Angola no período de transição entre
a guerra colonial e a guerra civil, seja uma história do dia-a-dia, não tão
diferente de outras que ouvimos ou conhecemos, mas contada e escrita num livro.
Acima de tudo, “Contrabando”
revela uma libertação através da escrita, transformada numa viagem em que a
autora se dá a conhecer aos leitores, a sua vivência, a sua maneira de pensar,
a sua maneira de agir. Um livro que, neste propósito, se enquadra bem com a
primeira obra de um autor, quase uma obra de apresentação.
Vivido, emotivo quanto baste, e
interessante quer pelas experiências descritas, quer pelo estilo de escrita,
muito pessoal e informal, “Contrabando” proporciona uma leitura aprazível e
simples, apesar de não ter um fio condutor que faça dele um livro com uma
história (a não ser a própria história da autora, o que já não é pouco), mas
sim, um conjunto de histórias e situações, não obrigatoriamente relacionadas
entre si, sendo muitas vezes, o único ponto de contacto entre elas, a própria
autora e os seus “eus”.
Um interessante livro de partilha
de experiências pessoais.
Classificação:
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Nuno Soares
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