Título – Conquistadores
Autor – Roger Crowley
Editora – Presença
Data de edição – 2015
“Conquistadores” é a 4ª narrativa
histórica da autoria do historiador Inglês Roger Crowley que se especializou em
investigar e escrever sobre os impérios marítimos do Mediterrâneo. Neste livro,
Crowley quis levar o desafio mais adiante e sair do mar dos Romanos, Bizantinos
e Venezianos e aventurar-se Atlântico adentro e até atravessá-lo para chegar ao
Índico, acompanhando a epopeia Portuguesa dos descobrimentos.
E este é mesmo o mote deste
livro: a chegada de Vasco da Gama à Índia em 1498 e o impacto que os
Portugueses tiveram nas dinâmicas comerciais, sociais e políticas dos povos do
Índico.
Mas a história começa antes, pois
um desfecho interessante tem sempre uma boa introdução e, assim sendo, Crowley
apresenta-nos o início do século XV no Índico, em 1414, num período em que os
mares eram dominados por uma frota de uma dimensão nunca antes (ou depois)
vista: a Chinesa. As missões diplomáticas e comerciais da China de então, o
espanto que causavam e o seu desfecho são-nos servidas num pequeno prólogo que,
por contraste, nos faz aperceber, ao longo da leitura desta obra, a magnitude
de mudança que quase 100 anos depois, a chegada de outra frota oriunda do
fim-do-mundo, provocou nas quentes águas do Índico.
Daqui damos um salto e chegamos a
Portugal em 1483, durante o reinado de D. João II, o príncipe perfeito, onde
acompanhamos as viagens de Diogo Cão e Bartolomeu Dias nas quais toda a costa
Ocidental de África é explorada, cartografada e finalmente ultrapassada (em
1488 quando Bartolomeu Dias dobra pela primeira vez o Cabo que baptizou como
das Tormentas), os contactos com os povos indígenas, o planeamento em Lisboa da
aventura da Índia, as intrigas da corte e a rivalidade com os vizinhos
Espanhóis.
D. João II já não presenciou a
materialização do seu projecto da Índia mas o seu sucessor, D. Manuel I
continuou-o e juntou-lhe um fervor de cruzada que seria determinante em muitos
dos futuros acontecimentos. Em 1498, acompanhamos a viagem de Vasco da Gama, as
diferenças culturais e os desafios que encontra na costa Oriental de África e o
nada recto caminho para a Índia até à sua chegada a Calecute, onde pensa ter
encontrado nos Hindus, Cristãos de uma qualquer variante tresmalhada da
doutrina de Roma.
Assim, entre entendimentos e
desentendimentos com os povos locais, começa a cruzada comercial, militar e
religiosa dos Portugueses no Oriente, que depressa lhes granjeou amigos e
inimigos, aliados e adversários.
Nos anos seguintes (até 1515) é
relatada em grande detalhe a construção do Império Português no Oriente, de
Mogadíscio a Sumatra acompanhado de perto a vivência de dois homens cruciais
para esta empreitada: Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque que seriam,
respectivamente, o primeiro e o segundo Vice-Rei da Índia, os homens mais
poderosos deste hemisfério. Nesta fase somos levados a visitar momentos
marcantes da presença Portuguesa no Índico, como batalhas navais, cercos a
cidades, elaboração de pactos e alianças, espionagem, estabelecimento de novas
rotas comerciais e história de resiliência impressionantes. O término dá-se
precisamente com a morte de Afonso de Albuquerque, 365 páginas depois, cheias
de uma narrativa rica, bem documentada e recheada de ilustrações, mapas e
retratos que enriquecem a leitura.
Um muito bom livro para quem se
interessa pela história de Portugal, principalmente pela época dos
descobrimentos. Uma narrativa histórica mais do que um romance que tem tanto de
épica como de brutal.
Classificação:
Nuno Soares