Todos vimos o CSI, o Silêncio dos Inocentes e o Se7en e mais uma
colectânea de filmes e séries com e sobre serial killers. A película que vos sugiro, despe-se dos artifícios cinematográficos e, de uma mergulho desconcertante
e gelado, imerge-nos no mundo simples de um predador psicopata. O foco de toda
a trama está dirigido a Henry,
como ele perpetua os seus crimes hediondos, como vive com esses episódios e como os explica a si mesmo. Para
além disso, é um retrato poderoso dos marginais e
marginalizados pela sociedade, da violência que distorce estes seres humanos, outrora inocentes, transtornando-os
em almas penadas sem lei nem moral. A história mostra o que não queremos ver,
nem desejamos compreender, nem sonhar em viver, mas, paradoxalmente, leva-nos a
um ponto de quase empatia com Henry!
Numa câmara ora voyeurista, ora omissa e sugestiva, o tom
extremamente cru e real do filme deverá fazer arrepiar os mais empedernidos. Michael Rooker desenvolve a encarnação de um anjo caído, desprovido de sentido de
maldade/bondade, imbuído das suas pulsões homicidas, que regem uma parte da
sua vida, oscilando entre uma certa candura embrutecida e a glacial possessão demoníaca.
Um retrato sem julgamento, sem reflexão, um soco no estômago de realidade.
P.S. Para quem quiser passar a um nível superior de visceralidade, mas que
espelha precisamente a temática da violência, aconselho,
qual farta sobremesa, o filme “The Woman”.
Rafael Nascimento
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