Gosto de ser contra
corrente e começo por usar o não -
Isto não é.
Isto não é uma rubrica
sobre fofocas, vidas cor-de-rosa, fama, espetáculos, chefes de claques,
partidos, cães com pedigree, crimes e desgraças exploradas, coisas caras,
viagens longínquas, invejas, empresários de sucesso, nem tão pouco sobre a vida
dos outros.
Mas então que
espécie de crónica social poderá ser?
Podemos reinventar o
termo social. E acordar por agora que nomeia a interação entre os
seres humanos neste bolinha perdida no espaço, a que chamamos Terra.
Que tem que ver com as
formas como os homens se organizam para viver em conjunto. E gerir os recursos
e os bens comuns. Também tem que ver com trabalhar e produzir e distribuir a
riqueza, nas sociedades que inventámos.
Que terá que ver com as
formas como nos relacionamos connosco, com os muitos outros e com a Terra.
Só por agora. Só para
nos entendermos, podemos considerar assim.
Interação entre
os seres humanos?
Isso tanto podem ser as formas de viver com os nossos mais próximos
– os que moram connosco ou no nosso coração, os nossos afetos e desafetos, como
os outros. Ou nós mesmos na relação que temos connosco. Que será sempre uma
relação mediada por outros.
Os outros vizinhos, que
saudamos ou não saudamos, os outros colegas ou os outros que partilham filas de
desemprego, ou de trânsito, os outros que bebem café no mesmo sítio, os outros
que encontramos nas escolas dos filhos, os outros a quem chamamos amigos, os
outros que trabalham voluntariamente nos bombeiros, no centro social, na
biblioteca, no clube desportivo, na preservação do meio ambiente. Os outros que
não têm trabalho. Os outros que nos irritam. Os que são velhos demais. Os que
são novos demais.
Os outros que pensam
como nós e os que pensam diferente. Os que têm os mesmos gostos. Os que foram
educados de forma semelhante. Os que nos conhecem.
Os outros que são do
mesmo clube da bola e os que não são. Os outros que são da mesma preferência
partidária e os que não são. Os que são da nossa terra e os que não são.
Os que são de cá e os
que não são.
E os outros mais
distantes. Aqueles a quem atribuímos poderes especiais. Os que mandam.
Os muito ricos que não
se conhecem. Os que fazem a guerra. Os que exploram e os que são explorados.
Todos somos gente em
interação. Por mais que nunca tenhamos saído da nossa rua.
Por mais que não
saibamos onde fica a Albânia ou a Síria ou a Namíbia. Por mais que as histórias
que os media nos contam já não nos toquem. Por mais que nem sonhemos o que os
media não nos contam.
Por mais que o meu
dia-a-dia seja tão duro que me estou a marimbar para as múltiplas frentes de
guerra. Ou para as alterações climáticas. Ou para a extinção das espécies. Ou
para os transgénicos. Ou para o império das farmacêuticas. Ou para a política. Ou
para o desemprego. Ou para o futuro da Europa. Ou para tudo e todos. Até para
mim.
Talvez estas crónicas
sejam sobre gente. Pessoas. Aqueles seres com a
característica singular de serem todos diferentes e semelhantes, habitantes da
mesma ‘casa’ e pertencentes a uma mesma raça humana.
Afinal talvez seja uma
crónica com gente dentro. Com histórias e perspetivas de vida.
Não sou uma tudóloga (espécimem convencida que sabe de tudo e
que emite opinião sobre qualquer assunto), nem me levo muito a sério. Tento não
julgar, nem me pautar por moralismos.
Terei sempre uma
perspetiva particular. Sem pretensão à verdade. Mas com a minha verdade.
Encontramo-nos por aí…
Isabel Passarinho
Isabel Passarinho passará a trazer-nos de forma regular a sua nova "Crónica Social"! Acompanhem!
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Olá, conheci o teu blog agora e está fantástico!
ResponderEliminarVisita o meu blogue e se gostares segue me! Deixa um comentário e eu sigo de volta <3
Beijinhos
http://queenssecret-anaaraujo.blogspot.pt/