Título – imagem d’escrita
Autor – Roberto Leandro
Editora – Obnósis Editora
Data de edição – 2014
“imagem d’escrita” é o terceiro livro de autoria do jovem poeta
Algarvio Roberto Leandro. Esta obra apresenta um conceito diferente da norma,
fundindo no mesmo espaço poesia e fotografia, e proporcionando ao leitor um
experiência rica, simultaneamente de interpretação do poema e de tudo o que este
transmite, e da comparação com a perspectiva do fotógrafo, venha esta, na visão
do leitor, enriquecer, complementar ou simplesmente acompanhar a palavra
escrita do poeta.
Este curioso livro não é, de todo, uma narrativa em poesia, qual
Lusíadas; é antes um conjunto de histórias em que cada poema oferece um retrato
da realidade, interpretada por Roberto Leandro e pelos seus quatro co-autores,
em fotografia, e onde o próprio leitor é convidado a participar, estando o
livro munido de um espaço próprio para que o leitor adicione a sua própria
interpretação fotográfica dos poemas, tornando o seu livro único e a
experiência de leitura, interactiva.
São várias as temáticas abordadas pelos versos do poeta e
encontram-se com frequências os poemas de amor e galanteio, as críticas socias,
as referências à importância da família e das raízes de cada um, evocações ao
império Luso de outrora, a incessante e conturbada procura do “eu”, a admiração
pela terra em jeito quase bucólico e a (auto)crítica sagaz de quem olha, vê e
não se conformando com a paisagem, expressa o desacordo entrelinhas sobre a
forma simples e emotiva do verso.
Não sendo fácil avaliar esta obra no seu conjunto, no que ao
conteúdo diz respeito, por cada poema ter, sem dúvida, a sua história e 53
poemas contarem muitas histórias diferentes, é a meu ver, perfeitamente
possível avaliar a experiência de leitura/entretenimento que este livro
proporciona. Ao ler, ao ver “imagem d’escrita” pude saborear as mensagens escritas
pelo poeta e contemplar a interpretação fotográfica que Isabel Brinca, Luísa
Correia, Rui Manuel Aires e Vanessa Ideias, fornecem das mesmas e, se casos
houve, em que a minha imaginação não me permitiu mais do que ver uma imagem que
pouco me ligava ao poema, noutros, tornava-se a meus olhos, quase
indistinguível, as palavras da imagem como se fossem um e o mesmo testemunho da
mesma realidade.
Uma óptima e interessante experiência de leitura e contemplação
visual, fresca, diferente, e que se coroa com a possibilidade de levar o leitor
a ser parte integrante da obra, adicionando as suas próprias interpretações
fotográficas a alguns dos poemas.
Classificação:
Nuno Soares
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