Transcendence é o filme de estreia de Wally Pfiser como realizador
de cinema, experiência que junta agora à sua extensa e premiada carreira de
director de fotografia, função na qual participou em filmes como Insomnia (2002), Batman Begins (2005), The Prestige
(2006) e The Dark Night (2008).
E há que admitir que, para
primeiro filme, Pfiser não se poupou a esforços para tornar o filme memorável,
conseguindo um orçamento a rondar os cem milhões de dólares e uma mão cheia de
caras conhecidas para darem voz aos personagens escritos por Jack Paglen. Transcendence conta assim com Jonny Depp
e Rebeca Hall na pele de personagens principais, um casal de investigadores na
área de inteligência artificial e Paul Bettany, como o terceiro elemento nesta
equipa pioneira no desenvolvimento das chamadas AI’s (Artificial Inteligence –
Programas informáticos diversos/bases de dados capazes de interagir com o
utilizador simulando o comportamento humano). Outros nomes conhecidos como os
de Kate Mara, Cilian Murphy e Morgan Freeman desempenham também importantes
papéis na trama.
Apesar de todo o elenco e meios, Transcendence, dificilmente pode ser
considerado mais do que um filme razoável dentro do género de ficção científica
e neste, dentro dos filmes que evidenciam o antagonismo máquinas-humanos.
Graficamente falamos de um filme competente, sem ser soberbo, mas o enredo, não
sendo o pior do género, conta com determinadas faltas de fluidez, alguns lapsos
até, talvez, que ferem a credibilidade da história e a capacidade de tornar o
fictício numa quase realidade o que distancia esta obra das grandes
referências do género, relegando-o para a categoria de “filmes meramente
engraçados”.
Não obstante, a ideia de
inteligência artificial e de uma simbiose entre humanos e máquinas é
apresentada numa perspectiva ainda relativamente pouco explorada, dentro do
género, e acrescenta valor ao filme pela abordagem diferente a esta temática,
assim como a exploração do conceito de evolução da espécie humana. Esta trama é
ainda pontuada pelo romance dos dois personagens principais Will Caster (Jonny
Depp) e Evelyn Caster (Rebeca Hall) e pelos conceitos biológicos e filosóficos
de identidade individual e colectiva, assim como as suas implicações nos
modelos sociais vigentes e na própria evolução da espécie.
Um filme com interesse, ainda
assim, de qualidade razoável.
Nuno Soares
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