Um filme romântico gira em volta de
duas personagens que se apaixonam, geralmente um homem e uma mulher. Os
estereótipos acabam por aqui. A história desenrola-se em torno das mirabulantes
viagens de uma típica lancheira de 5 andares, através de um sistema,
inacreditavelmente, quase infalível. Pelas jornadas da lancheira e dos
personagens é possível viver o caos de uma cidade indiana moderna. Podes-te
“aconchegar” com os escritorários no comboio, cantar com os distribuidores de
lancheiras e ficar preso no trânsito, dentro de um taxi. O mais contrastante
com esta realidade babilónica e sobrepopulada é que o filme fala sobretudo
sobre solidão e descaracterização do ser humano, perdido numa massa de gente
indiferenciada e medíocre.
Ritesh Batra realiza a sua primeira
longa metragem e logo com sucesso mundial. Os dois atores principais vestem bem
os seus papéis, criando seres humanos credíveis, como tu e eu. Um dos grandes
destaques do filme são a fotografia e os enquadramentos, mostrando a cidade de
Mumbai como um habitante local a vê, abstendo-se de mostrar grandes planos.
“A Lancheira” mostra-nos o conflito
entre as raízes e o progresso e das emoções face à indiferença que cada vez
mais vigora nas sociedades modernas.
Rafael Nascimento
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