domingo, 31 de janeiro de 2016

À Margem

Título – À Margem
Autor – Conceição Gonçalves
Editora – Obnósis Editora
Data de edição – 2014


Depois de “Contrabando” a escritora transmontana Conceição Gonçalves traz à luz “À Margem”, o seu 2º livro publicado pela Obnósis Editora.


Este “À Margem” mantém o mesmo registo autobiográfico de “Contrabando” apesar de incidir sobre episódios, fases, personagens e percursos diferentes do seu predecessor. Desta feita, a autora propõe-se a agrupar as narrativas que nos apresenta em dois capítulos: “Histórias Comuns” e “A Família”.

“Histórias Comuns” surge no mesmo estilo narrativo e estrutural/estético de “Contrabando”, consistindo em pequenos textos, histórias, pedaços de vida e de alma da própria autora que esta partilha com o leitor, pontoando aqui e ali com breves análises reflexivas (que dão a ideia de serem feitas a posteriori) como alguém que olha para o que já viveu com uma sapiência e discernimento fruto da experiência de ter vivido aqueles mesmos momentos.

Entre estes, ficamos a saber como a autora conheceu Keith Jarret ou o menos célebre mas, parece, igualmente encantador, Sr. Albino, somos introduzidos a Carlota de Sousa, a reflexões sobre “a essência das coisas” a uma experiência, no mínimo intensa em que autora relata os meses em que se viu responsável por um orfanato no início da década de 70, a poesia e ao nascer de uma estrela, entre tantas outras partilhas.

O 2º capítulo “A Família” conta-nos numa narrativa mais encadeada as peripécias da família Bastos, os seus elementos, percursos, dramas, sucessos e paixões.

Em suma, Conceição Gonçalves traz aos leitores mais um pouco de si, da sua vivência, seguindo o trilho iniciado na sua obra de estreia “Contrabando” e mantendo os traços gerais que revelou anteriormente, uma escrita muito emotiva, simples de ler, quase como jorrada directamente do pensamento ou da fala para o papel, que transporta o leitor para um espaço entre o real e o imaginário em que a autora nos conduz pelas histórias que nos conta.

Classificação:


Nuno Soares


sábado, 30 de janeiro de 2016

Nas Asas da Poesia - Poema para alguém

Ainda não te conheço
Nem me conheces a mim
Mas serás o meu começo
Meu início, meio e fim.

Não sei sequer como és
Só te posso imaginar
Mas ter-me-ás a teus pés
Tudo de mim te irei dar.

Não sei se já nos cruzámos
Ou se te vou encontrar
Mas sei que juntos nós vamos
Percorrer o nosso mar.

Nos bons e nos maus momentos,
Lado a lado estaremos
E entre quaisquer tormentos
De mãos dadas passaremos.

Eu serei tua alegria,
Tu minha felicidade.
Viveremos cada dia
Sempre com sinceridade.

Serás quem eu quererei,
Serás de quem eu preciso.
Contigo sempre terei
No rosto um grande sorriso.



Marco Gago

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Nas Asas da Poesia - Bonito Serviço 3

Vim da anilha alhada em pólen
O plástico é ninho de centopeias
Onde nascem as bactérias do cólon
Arborizam ramadas de gotas cheias

Estou num parafuso embrulhado
Abrindo intempéries de caracol
Onde colmeias orvalham piado
Cinzeiro luz nesga de girassol

Sarjeta de rato apodrece marmota
Ribeiras de ferrugem enlamada
Sou o defecar de uma comporta
Encarpeto uma lesma enroscada

Saltarei heras de parede rasteira
Farei dos aviões uns talos
Da cinza germinará obreira
Plantarei morcegos em ralos

E quando o pimento queimar
Cristaleira em caruma de chão
Os vermes irão colonizar
As magnólias da minha mão



Paulo D. de Sousa

sábado, 23 de janeiro de 2016

TCN Blog Awards 2015

Os TCN Blog Awards são um conjunto de premiações atribuídas, desde 2010, a blogs de cinema e televisão. Este ano, na 6ª edição, o Opina esteve representado na cerimónia de entrega dos prémios, numa sala de cinema repleta de público jovem, onde se comiam pipocas e trocavam comentários entre as várias tribos presentes, que iam d@s bloggers de moda às unhas de gel, passando pel@s fervorosos adeptos de cinema e outros meios de comunicação audiovisual.

O dia foi o invernal dia 9 de Janeiro e o ponto de encontro o Alvaláxia, em Lisboa. Para não apreciadores de futebol é, na terminologia de Marc Augé, um não lugar, um local não humanizado, projectado e construído para a circulação de automóveis e eventos de massas, hostil a peões passeantes.

Assinala-se um registo positivo para um evento que começou e acabou no horário previsto e, do qual, saíram os seguintes vencedores nas várias categorias a concurso:

Melhor Site/Portal/Facebook: Girl on Film Facebook, Sofia Santos;
Melhor Festival: Motelx 2015;
Melhor Distribuidora: Alambique;
Melhor Canal de Cabo: Canais TVCine & Series;
Melhor Reportagem: Cannes2015, por Hugo Gomes, do blogue Cinematograficamente Falando
Melhor Iniciativa: VHS – Vilões, Heróis e Sarrabulho, canal de Youtube
Melhor Rubrica: Posters Caseiros, por Edgar Ascensão, do blog Brain-Mixer
Melhor Ranking/Top: Top 15: Música de Filmes de Terrorhttp://notfilmcritic.blogspot.pt/2015/03/top-15-musica-de-filmes-de-terror.html, por Rita Santos, do blog Not a Film Critic
Melhor Artigo de Televisão: The Daily Show with John Stewart, por Diogo Cardoso, do blog TVDependente
Melhor Artigo de Cinema: Cinema Mudo Escandinavo, por José Carlos Maltez, do blog A Janela Encantada
Melhor Crítica de Televisão: Mad Men, 7ª Temporada, por Mafalda Neto, do blogue TVDependente
Melhor Crítica de Cinema: Mad Max: Fury Road, por Pedro de Alarcão Lombarda, do blog CinemaXunga
Melhor Entrevista: Shlomi Elkabetz, por Aníbal Santiago, do blog Rick’s Cinema
Melhor Blog Colectivo: TVDependente
Melhor Blog Individual: A Janela Encantada, de José Carlos Maltez
Melhor Novo Blogue: Jump Cuts
Melhor Blogger do Ano: Pedro de Alarcão Lombarda, do blog CinemaXunga



Paralelamente decorreu um Quiz para activar o público. Das seis categorias presentes, duas eram (no mínimo) estranhas: Mamas e Nalgas (?) no feminino, claro – destaque que mais pareceram recalque de meninos grandes com adolescências tardias. Nota positiva para o apresentador boa onda que manteve o ritmo e para o Edgar que tanto quanto se percebeu, foi um faz-tudo na organização do evento.

Parabéns a quem trabalhou para que este evento fosse possível, a quem participou e, claro, aos vencedores dos TCN Blog Awards 2015.  


Isabel Passarinho

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Tique Tal

Título – Tique Tal
Autor – Dário Guerreiro
Editora – Arandis Editora
Data de edição – Novembro de 2015


“Tique Tal” é o segundo livro de poesia de Dário Guerreiro, o primeiro desde que é o Môce dum Cabréste e desde que Cavaque Silva é presidente, sendo possivelmente o último nestas condições.

Mas neste livro cujo nome deve ser pronunciado com sotaque há muito mais do que poesia pois também conta com um prefácio… e versos que rimam… e versos que não rimam, e versos que rimam e são engraçados e versos que não rimam mas também não precisam porque sem rimar transmitem ao leitor os pensamentos e opiniões que o humorista quis passar sobre alguns dos temas fracturantes da sociedade Portuguesa como o amor, exalações rectais, a teoria da gravidade e outros fenómenos físicos, sobre como ler poesia, sobre indumentária, sobre a contemplação de paisagens naturais, as vicissitudes da erudição, da quizomba e das onomatopeias.

Em suma, este “Tique Tal” é uma babilónia de parvoíce, poesia, pensamentos e alarvidade em que o comediante Algarvio nos dá a conhecer um pouco do seu trabalho escrito, proporcionando algumas gargalhadas e outros momentos de boa disposição como roncos e engasgos. Há ainda a notar que o livro vem adornado com ilustrações (vulgo bonecada) da autoria do próprio.

Uma bela companhia para a leitura de sanita, um presente fantástico para aquele amigo com uma alcunha parva na lista de contactos do telemóvel ou só um lembrete de que o Môce dum Cabréste tem gota de cada vez que olharem para o seu pé desenhado na capa do “Tique Tal”.



Vale a pena dar um olho e se não gostarem, tal como o livro sugere, lembrem-se que já vos passaram publicações de facebook piores pelas vistas.

Classificação:







Nuno Soares

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Muthure's Place - Superhero loving

We.. are..
Kissin’ ears, licking elbows, sucking face
And blowing each other off.
I taste you...
Breathe you in and smell your fingers.
I see stars and look for the sun,
Not realising that they’re both... light.
A friend told me to explore and discover my darks side with a flashlight,
But with the..
Ghosts under my bed, skeletons in my closet, monsters hidden under my pile of dirty laundry??
THAT doesn’t seem.. like such.. a good...
Idea.
Yet you manage to crawl into my secret places, private spaces, see my hidden faces.
I was.. holding out for a hero
but his underpants were too tight, not enough circulation.
He was rushed to the ER,
Just called.. to let me know.. that he wouldn’t make it.
But I wait.
Listening to you and hearing fate.
I... see the light above your left shoulder.
You... are.
Light.
Wind.
Earth....
Motion.
You.. turn my swag on.
I carry you in my eyes.
And on my shoulders and you help me lift that heavy burden up there sometimes
With your heavy luggage down THERE...
So i decide to put my phone off,
Don't need to be hearin' from false heroes and their recovering balls..
YOU do more for ME than the whole justice league ever could anyway.
Looking at you now my thoughts.... stumble.
Trippin over common sense and all things rational, freefallinandfinallylandinginthewarmembraceoflove...
And lust.
Make that a hot embrace.
I s-s-s-s-s-s-stutter over my words and your soft, silent, patient stare
Makes me find my tongue.
I whisper a truth.
What seem to be the only truth I know right now...
‘YOU, fallen angel, are MY superman.’




Joy Muthure

domingo, 10 de janeiro de 2016

Pó na Fita - Metropolis (1927)

E o que queremos para este Natal? Um filme de ficção científica com 88 anos!

Cá vamos nós para mais um futuro distópico, onde uma classe operária, escravizada por uma elite rica e dedicada ao deboche, deposita as suas esperanças de um futuro melhor numa profetiza, e no fim o amor salva tudo (bla bla bla, que história tão batida…) Espera lá… Nos anos 20 esta história não era batida, era um exercício de crítica social e a projeção de um futuro opressivo/fantástico, que muito se adequa aos tempos modernos: o controlo das massas, a opulência das classes dirigentes, o fosso entre ricos e pobres, o extremismo religioso, a tecnologia de automação, o amor, cientistas marados, CEO tirânicos...

Podem já ter visto/lido os Hunger Games, o Star Wars (atentai à primeira aparição de C-3PO), o 1984, o Blade Runner, o Brazil, o Alien… Eles todos vêm beber a esta fonte, realizada por Fritz Lang. Um filme de mimos e legendas pelo meio, que cativa pela forma teatral como as cenas são interpretadas e desenhadas. Uma relíquia que tem o valor histórico de ser a primeira grande produção de ficção científica, a semente que todos os fãs deste género cinematográfico deviam conhecer.

Para uma experiência épica sem 3D, sem dolby surround, sem technicolor, sem voz, na verdadeira essência. O diapasão pelo qual muitas películas de espaciais e terrenas aventuras se afinaram.


P.S. Para acompanhar que nem umas belas rabanadas depois do prato principal, que tal o Blade Runner (1982)?





Rafael Nascimento

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Mundos e Profundos - Novo álbum dos Geo

É já amanhã, sábado dia 9 de Janeiro, que os Lisboetas Geo realizam o concerto de apresentação do seu novo álbum: Mundos e Profundos.

O grupo composto por Carlos Alberto Cavaco (guitarra clássica), António Carmo (concertina), Catarina Barão (Cajon), Inês Martins (guitarra clássica) e Marta Lourenço (viola de arco) vai lançar aquele que é o seu 8º trabalho discográfico em 6 anos de actividade.


O grupo junta influências de várias partes do globo num registo de música popular e de improviso que, potenciado pela amplitude de instrumentos ao dispor, e pela capacidades dos virtuosos, se traduz numa música rica em melodias e ritmos que tão bem se sente com a alma como se ouve com os ouvidos.

O concerto realizar-se-á no Le Foyer, Conservatório de Música, em Lisboa, pelas 21:30 e os interessados em conhecer este grupo podem reservar os bilhetes no facebook da banda e/ou dar um salto ao canal de youtube dos Geo onde podem ver alguns (um número considerável) dos seus temas.

Para terminar, deixo-vos o videoclip do tema “Desperta para a vida”, gravado na serra de Sintra.



Não deixem de acompanhar mais um talentoso grupo de músicos Portugueses e amanhã, concerto a não perder às 21:30 em Lisboa.

Nuno Soares