"Posso não
concordar com o que dizes, mas defenderei até a morte o direito de o
dizeres."
Evelyn Hall[1]
Ainda o mundo estava a ressacar
das promessas e novas resoluções para o ano de 2015, quando subitamente no dia
11 de Janeiro, acorda com a notícia do macabro massacre ao escritório do
semanário Charlie Hebdo.
Como aconteceu com tantas outras
mortes, Charlie Hebdo (personagem colectiva) teve muito mais apoio e fãs
aquando da sua morte do que em vida. Isto porque o atentado ao Charlie Hebdo,
mais do que as doze pessoas que faleceram (não querendo de todo menosprezar o
seu valor) representou um atentado aos Direitos Universais do Homem, mais
especificamente o direito à vida e o direito à liberdade de expressão, e não
menos importante um atentado aos valores do mundo ocidental.
O mundo uniu-se e a uma só voz
ouviu-se e declarou-se “Je suis Charlie”, com o povo também
os líderes mundiais uniram-se em Paris na marcha pela LIBERDADE e contra a
BARBÁRIE, no entanto, afastados do povo como é apanágio desses seres. Ver a
Angela Merkel (principal terrorista financeira dos povos europeus) e Benjamin
Netanyahu (Primeiro-Ministro de Israel) na marcha pela Liberdade e contra a
Barbárie, é como ver o Pinto da Costa e o Paulo Portas numa marcha contra a
corrupção, ou como ver o Hitler a defender o povo Judeu.
Através da pretensa luta pela
Liberdade de Expressão, nos dias consequentes multiplicaram-se opiniões
concordantes e discordantes, e outras ainda por descodificar, assim como eu o
faço para poder exprimir os meus pensamentos.
Então qual é o problema de sermos todos
Charlie?
O problema é que as pessoas
quando se auto-intitulam de Charlie e defendem a LIBERDADE DE EXPRESSÃO são demasiado literais, isto porque
esquecem-se (quiçá por uma deficiente alimentação) que a Liberdade de Expressão
é um processo que envolve não só o locutor mas também o interlocutor. Ou seja,
eu posso dizer o que quero e bem entender, já o outro quando diz algo contrário
às minhas crenças, convicções ou opiniões… ai o ca…., filho da …. e por aí
fora…
Somos todos iguais mas também e
felizmente todos diferentes e únicos. Este é um problema de estrutura psicológica
individual, onde cada vez mais devido à nossa (des)educação e (des)informação o
abismo entre o self real (o que realmente somos) e o self ideal (o que queremos
ser) é cada vez maior e faz com que esqueçamos
(uma vez mais) que não existem verdades absolutas, nem tão pouco uma só
verdade. Só conseguiremos diminuir esse abismo com a consciencialização e acima
de tudo com a aceitação das limitações de sermos
humanos, de sermos falíveis, de sermos
imperfeitos. Esse trabalho individual levará a que tenhamos a capacidade de
separar e superar o facto de que o facto de alguém satirizar algo que gostamos,
defendemos e/ou acreditamos não tem necessariamente de estar a atacar-nos.
O atentado ao Charlie Hebdo foi
hediondo e imperdoável, mas aproveitaremos para com isto aprender uma lição,
para mudarmo-nos a nós próprios e assim o mundo.
NÃO SEJAMOS CHARLIE E KOUACHI (irmãos responsáveis pelo atentado) AO
MESMO TEMPO!
Fábio Andrade
[1] http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/44/a-falsa-citacao-de-voltaire-investigacao-afirma-que-a-300467-1.asp
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