Titulo
– A viagem do Beagle – Viagem de um naturalista à volta do mundo
Título original – The voyage of the
Beagle – A naturalist’s voyage round the world
Autor
– Charles Darwin
Editora
– Relógio D’Água Editores
Data
de edição – Fevereiro de 2009
Data
da publicação original – 1839
A
viagem do Beagle (1832-1836) narrada por Charles Darwin no seu diário é uma
obra apaixonante. Um fantástico livro de aventuras que nos traz o mundo
percepcionado por um homem do século XIX que durante quase cinco anos trilhou
as costas de Cabo Verde, Brasil, Argentina, Chile, Perú, Nova Zelândia,
Austrália e realizou inúmeras incursões pelo interior do continente americano,
australiano e visitou um sem número de ilhas de várias naturezas.
Rico
na descrição das componentes geológicas e biológicas das terras que Darwin
atravessa durante a sua viagem, este livro transmite também as percepções
sociais, morais e ideológicas que realidades tão contrastantes como o Brasil
esclavagista, as tribos canibais da terra do fogo ou a colónia inglesa
estabelecida na Austrália despertam nas crenças e valores de Darwin, sendo de
extremo interesse ver o processo evolutivo que o autor sofre ao longo da sua
viagem na maneira como vê o mundo.
Mais
do que um livro de viagens, de história ou de aventura, A viagem do Beagle é
uma janela para outro tempo e para a análise aos olhos de um homem de então, de
problemas sociais, económicos, ambientais, morais e científicos que, em certa
medida, não distam tanto quanto seria de se esperar, dos actuais problemas da
mesma natureza.
Escravidão,
religião, corrupção, colonização e civilização são alguns dos tópicos que
Darwin homem acrescenta à imensidão de fantásticas anotações, relatos,
pensamentos e explicações com que Darwin naturalista recheia o seu diário,
desde as ilhas vulcânicas e a sua flora e fauna particular, como Cabo Verde e
as Galápagos, as luxuriantes florestas do Brasil, as pampas argentinas, a
inóspita terra do fogo, os andes chilenos, as intrigantes galápagos, os recifes
de coral do pacífico, as diferenças civilizacionais e naturais entre Nova
Zelândia e Austrália, entre tantas outras experiências transmitidas ao longo de
cinco anos de viagem.
A
notar ainda as anotações e referências com que Darwin dotou o texto e que
acrescentam pormenores valiosos e deliciosos à obra e à percepção do
funcionamento da comunidade científica internacional à época.
Por
último interessa referir o único ponto negativo que merece referência nesta
obra: a tradução. Talvez por o trabalho ter sido feito por diferentes
tradutores em diferentes partes do livro (algo pouco compreensível tendo em
conta que a obra original foi escrita em Inglês) o texto é por vezes minado por
uma tradução algo inconsistente que perturba a experiência da leitura sendo
necessário recorrer a outras referências, que nem sempre serão ao alcance do
leitor casual, para que se entenda o que está a ser transmitido.
Em
suma, apesar da tradução, uma fantástica obra escrita por um homem
interessantíssimo que, com base nesta viagem, criou uma das teorias científicas
que mais viria a abalar a maneira como percepcionamos o mundo e a nós mesmos,
um grande livro de aventuras e uma incomparável viagem no tempo.
Classificação:
Nuno
Soares
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