Ponto de partida: Miradouro do Funcho, Barragem do Funcho
Destino: S. Bartolomeu de Messines
Distância: 13,1 km
Grau de dificuldade: Intermédio
Factores de dificuldade: Declive, Temperaturas elevadas.
A via Algarviana é um projecto
nascido de uma parceria entre a Algarve Wednesday Walkers, grupo local dedicado
ao pedestrianismo, e a Almargem, associação de defesa do património cultural e
ambiental do Algarve, que consiste numa via pedonal que liga o cabo de São
Vicente, em Sagres, o ponto mais ocidental do Algarve, a Castro Marim, no
extremo Este desta região, onde o Guadiana delimita a fronteira com Espanha. Ao
longo dos seus cerca de 300 km atravessa 11 concelhos algarvios (Alcoutim,
Aljezur, Castro Marim, Tavira, S.Brás de Alportel, Loulé, Silves, Monchique,
Lagos, Portimão e Vila do Bispo) e proporciona aos seus utilizadores a
possibilidade de conhecer parte do património natural e cultural do Algarve,
seja entre os montes e vales semi-selvagens do interior ou entre as vilas e
aldeias pelas quais a via guia os passos de quem a percorre.
Curiosamente, descobri por
acidente, precisamente durante um passeio a pé, que a via Algarviana passava
exactamente no local onde estava naquele momento, o miradouro do Funcho, junto à
barragem com o mesmo nome. Assim, e tendo esta curiosidade há já alguns anos,
decidi fazer o dito troço que a sinalética me indicava; Silves – S. Bartolomeu
de Messines. Estando sensivelmente a meio caminho decidi começar com Messines,
vila que ainda não conhecia.
Parti cedo, já que o Algarve tem
fama de ser quente em Agosto, e ainda não eram 9 quando alcancei o miradouro, 3
km após o ponto de partida. O céu azul sem mácula de nuvem acompanhava o
horizonte em qualquer direcção e uma brisa fresca, sem ser forte, fazia
companhia afastando o calor em demasia. Uma nesga de lago azul contrastando com
o verde circundante já se via a Norte. Segui caminho sempre com a albufeira
debaixo de olho, acompanhado somente pelos grilos e demais bicharada cantante e
por um sol preguiçoso sem grandes pressas em se elevar no céu.
A primeira parte do percurso, neste
sentido, é bastante agradável, pois a nossa posição elevada permite-nos uma
vista fantástica e os primeiros quilómetros, sendo a descer, dão um aquecimento
tão ligeiro, que nem se dá por eles. Em menos de nada já não estamos no topo
mas a meio da encosta, contornando as reentrâncias do represado rio Arade
sempre pela sua margem Sul e passando a ocasional casa de férias ou um pequeno
arvoredo de sobreiros e outras autóctones ou ainda um menos modesto pinhal ou
eucaliptal erguido na serra pela vontade dos homens.
Sensivelmente metade dos 13 km
que distam do miradouro do Funcho a S. Bartolomeu de Messines são passados assim,
à beira rio. Pouco depois do Pego Escuro, um local de grande curvatura do rio,
a via afasta-se por caminhos mais interiores e antes de se andar muito as 3
casas que constituem o lugar de Vale Bravo estão à vista. Aqui, o declive
aumenta, o que neste sentido corresponde a uma subida algo ingreme mas não
muito extensa. Ainda em Vale Bravo é possível cruzarmo-nos com cavalos, que
deixados a pastar soltos, evitarão viajantes e preferirão manter uma distância
de segurança, que no entanto não é grande o suficiente para que não possamos
vê-los dar um ar de sua graça, entre a paisagem, que agora é preenchida por
suaves colinas, ora verdes ora pardacentas, e pequenos lagos, sem dúvida
abastecidos pelo Arade, tão próximo.
No topo do monte, “lá na altura”,
citando um local gentil o suficiente para confirmar que o caminho à frente dos
pés é o que leva a Messines, alcança-se o alcatrão e, na outra face da “altura”
encontra-se a primeira localidade digna de nome. Conforme vamos descendo de
novo, Pedreiras estende-se do nosso lado direito, acompanhada por campos
agrícolas e, aqui e ali, terrenos de pastoreio e pequenos pomares. Mas a via
segue e Pedreiras, na qual não chegamos a entrar, rapidamente fica para trás.
Messines já cheira e cerca de 2 km, em terreno plano, depois, eis que é
alcançada a placa limítrofe da vila de S. Bartolomeu de Messines.
Messines é uma pequena vila, sede
de freguesia, pertencente ao concelho de Silves e que possui como principais
atractivos a igreja de S. Bartolomeu de Messines e a estátua de homenagem a
João de Deus, poeta, pedagogo e filho da terra. Em termos de infra-estruturas a
vila conta com uma escola EB 2.3., um quartel de bombeiros, um campo de futebol
e um parque urbano.
Em suma, um belíssimo percurso,
muito acessível (principalmente no sentido Funcho – Messines) a que após a
travessia da beleza natural se segue uma pequena e pacata vila para se visitar
e onde recuperar as energias.
Os aspectos negativos cingem-se
ao ocasional lixo na via, à degradação de algumas infra-estruturas e à inexistência
de qualquer sinalização/informação sobre a via em S. Bartolomeu de Messines, o
que inviabiliza ou dificulta o viajante incauto de realizar o troço no sentido
Messines – Funcho.
Nuno Soares
Classificação: